A gonorreia é a segunda infecção sexualmente transmissível (IST) mais prevalente no mundo. No Brasil, o diagnóstico e tratamento dessa infecção apresenta abordagem sindrômica, característica que dificulta a identificação da população usualmente acometida. O respectivo trabalho objetiva conhecer o perfil epidemiológico de paciente com Gonorreia no Centro de Triagem e Aconselhamento, referência em Campo Grande - MS.
MétodosForam incluídos no estudo pacientes com infecções causadas por N. gonorrhoeae atendidos no período de 03/05/2021 a 30/07/2021 no Centro de Testagem e Aconselhamento “Dr. Gessírio Domingos Mendes” - CTA/DST em Campo Grande - MS. A análise microbiológica foi realizada no Laboratório do Hospital Universitário de Mato Grosso do Sul. A coleta de dados clínicos foi realizada em entrevista realizada pelo médico do serviço.
ResultadosDos 21 pacientes incluídos no estudo, todos eram homens e solteiros, sendo a maioria situada na faixa etária entre 21 e 40 anos (85,7%). Quanto a escolaridade, 28,6% concluíram o ensino médio e 28,0% apresentaram ensino superior completo. Somente 19,0% dos entrevistados faziam regular uso da camisinha. Do total de pacientes, 19% mantinham relação com homens, 66,7% com mulheres e 14,3% com ambos. Cerca de 19,0% possuía parceiro fixo, enquanto 42% não trocaram de parceiro nos últimos 6 meses. Quanto aos sintomas, 91,0% referiram corrimento uretral e 42,8% relataram disúria. A bacterioscopia foi positiva em 12 amostras, sendo que somente 6 meios foi observado o crescimento em cultura e 3 obtiveram resultados negativos mesmo com secreção presente sugerindo a doença.
ConclusãoO estudo demonstra que jovens heterossexuais, com média/alta escolaridade e parceiro/a fixo estão sendo acometidos por IST´s, visto que maioria destes pacientes não utilizam preservativo durante o ato sexual. O perfil epidemiológico observado difere daquele apresentado comumente na literatura nacional e internacional, as quais descrevem pacientes homossexuais, com baixa escolaridade e/ou com elevada troca de parceiro como população padrão dessa infecção. A mudança epidemiológica indica alterações das ações de prevenção, de modo que campanhas de conscientização façam-se mais presentes neste meio. O aumento da incidência em pacientes heterossexuais acende um alerta secundário para suas respectivas parceiras, uma vez que estas tendem a apresentar uma manifestação subclínica e complicações severas da doença.