12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: O impacto da pandemia pela COVID‐19 nas infecções relacionadas à saúde (IRAS) vem sendo relatado em vários serviços de saúde. Apesar do aumento a adesão aos protocolos de precauções e isolamento e a higienização das mãos, muitas instituições observaram elevação das infecções em topografias específicas, especialmente em pacientes com maior criticidade.
Objetivo: Avaliar o impacto da COVID‐19 nas infecções primárias da corrente sanguínea (IPCS) nas unidades de terapia intensiva (UTIs).
Metodologia: Durante a pandemia, foram mantidas as coletas de dados das IRAS por meio de vigilância ativa separando‐se as UTIs em unidades COVID e não COVID. Todos os colaboradores foram treinados para o manuseio adequado dos EPIs necessários na assistência. Os dados foram coletados pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH), tabulados e analisados.
Resultados: No início da pandemia observou‐se um aumento importante das IPCS nas UTIs COVID com densidade de incidência (DI) de 21.1 X 1000 CVC‐d. Nas UTIs não COVID a média em 2020da DI‐IPCS foi de 1.7 X 1000 CVC‐d. Comparando‐se a 2019, a média da DI‐IPCS nas UTIs foi de 4.0 X 1000 CVC‐d. Após ações educativas nas UTIs COVID, a DI‐IPCS apresentou uma queda de 72% com média de DI‐IPCS nos meses subsequentes de 5.9 X 1000 CVC‐d.
Discussão/Conclusão: Na análise dos casos de IPCS nas UTIs COVID, observamos que a provável causa relacionada a esse evento foi à dificuldade da manipulação dos cateteres venosos no contexto de medidas de isolamento mais robustas. Os profissionais da assistência realizavam a higiene das mãos e a paramentação completa na antessala das UTIs COVID. Após o acesso ao quarto do paciente, a mesma luva era utilizada para a manipulação do cateter. Após identificação deste ponto de fragilidade, todos colaboradores foram orientados a troca de luvas e higienização das mãos antes da manipulação dos cateteres, enfatizando que este procedimento não representaria risco adicional para a aquisição da COVID‐19 desde que todos os passos e atenção fossem seguidos.
Conclusão: No início da pandemia pela COVID‐19, os SCIHs esperavam uma redução das IRAS devido a maior adesão a higiene das mãos e das outras medidas de precauções e isolamento. Apesar de toda a sobrecarga de trabalho durante este período, foi extremamente importante manter o olhar também na vigilância ativa das IRAS, coletando dados, analisando e interferindo rapidamente em todos os diferentes eventos observados neste momento tão ímpar na vida dos profissionais da área da saúde.