As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) podem ser evitadas e medidas preventivas resultam em redução de 10-70% a dependência do cenários estudados. As IRAS prolongam o tempo de internação hospitalar, e 73% dos custos hospitalares no Brasil são determinados pela permanência hospitalar. O indicador de tempo médio de internação tem correlação positiva com a taxa de mortalidade institucional. Objetivamos avaliar o impacto econômico e de desempenho das infecções de sítio cirúrgicos(ISC) em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca em hospital terciário de urgência e emergência.
MétodosAvaliados todos pacientes internados que realizaram cirurgia cardíaca no período de 24 de janeiro de 2020 a 04 de outubro de 2020 no Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira, Goiânia, Goiás (HUGOL). Comparado os custos do grupo A (sem ISC) e grupo B (com ISC) . Pacientes identificados por critério de procedimento realizado a partir de lista de cirurgias cardíacas ofertadas. Dados de ISC fornecidos pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar HUGOL. A avaliação do custo foi realizada pelo custo por procedimento pela metodologia de custeio por absorção, dados obtidos na plataforma Planisa e no sistema de prontuário eletrônico MV.
ResultadoIdentificados 57 pacientes, 85.9% do sexo masculino, média de 58 anos (σ12,0), 5 pacientes (8,7%) com ISC. O grupo de serviços hospitalares é responsável por 52% dos custos, este é vinculado à diárias de internação (57%) e tempo de utilização de centro cirúrgico (43%). O tempo médio de internação (em dias) foi de 17,5 no grupo A e 32,0 no grupo com infecção. O custo hospitalar por paciente no grupo B (R$ 68.495,34) representou 40,6% de aumento em relação ao grupo A (R$ 48.703,43). Houve 53,0% de aumento no custo com medicamentos no grupo com ISC.
ConclusãoApesar das limitações inerentes do levantamento, não considerando diversas variáveis de origem assistencial, foi constatado significativo aumento de custos relacionado à ISC. O maior tempo de permanência observado no grupo B prejudica o desempenho do hospital impactando no giro de leitos e alcance de metas contratuais, e está diretamente relacionado com o aumento da mortalidade. Os dados reforçam a necessidade de investir em alternativas que visam reduzir a incidência de ISC, permeando a revisão de processos e incluindo a adoção de novas tecnologias em saúde custo-efetivas, que podem ser absorvidas pelo orçamento da unidade.