Com a pandemia de COVID-19 o Serviço de Controle de Infecções Hospitalares (SCIH) além do desafio em lidar com os fluxos relacionados a COVID-19 e orientações de prevenção para pacientes e colaboradores, também enfrentou a disseminação de microrganismos multirresistentes causadoras de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS).
ObjetivoAvaliar o impacto das ações adotadas na redução de microrganismos multirresistentes (MDR) e no consumo de antimicrobianos (ATM) nas unidades de terapia intensiva (UTIs) durante a pandemia de COVID-19.
MétodoAs ações ocorreram em duas UTIs destinadas a pacientes com diagnóstico de covid-19 de um hospital de nível terciário de assistência à saúde. Foram avaliadas a densidade de incidência de MDR da instituição no período pandêmico e seu comportamento durante a segunda onda, a partir de fevereiro/2021. A intensificação das medidas de controle ocorreu entre 01/06 e 31/08/2021 e incluíram treinamentos voltados à higiene das mãos, uso correto de EPI, monitoramento da higiene ambiental, auditoria por 4 semanas da higiene terminal das UTIs (n = 9), com aplicação de marcadores fluorescentes em 259 pontos definidos pelo SCIH, instituição do banho diário com clorexidina degermante 2% (n = 116), coletas semanal de swab anal avaliação de colonização por MDR (n = 169) e intensificação diária do Programa de Antimicrobial Stewardship nas UTIs.
ResultadosEm 2020, a densidade de infecções por K. pneumoniae foi de 1,1 por 1.000 pacientes/dia; P. aeruginosa zero e A. baumannii 0,1, com significativo crescimento entre fevereiro e julho/2021: 2,3; 2,1 e 2,6, por 1.000 pacientes/dia. A auditoria da higiene ambiental da UTI evidenciou 56% de adesão global, enquanto a análise dos pontos individualizados apresentou efetividade de 71%. A adesão dos profissionais das UTI aos treinamentos ministrados foi de 90%. A dose diária definida de antibióticos das UTIs passou de 3.528 para 1.721, após intervenção direta do infectologista nas UTI COVID-19. A colonização por KPC isolada em swab anal (pesquisa de colonização) foi de 7% em junho, 5,6% em julho e 0% em agosto. A colonização por enterococo resistente à vancomicina foi de 24,5% em junho, 16,9% julho e 3,7% agosto. Não identificamos MDR nas infecções notificadas em agosto, novembro e dezembro/2021, setembro 8,2%, outubro 7,5%.
ConclusãoAs ações de prevenção de infecção e o Programa de Antimicrobial Stewardship tiveram importante impacto para a redução dos MDR e do consumo de ATM nas UTIs de internação de pacientes com COVID-19.