A sepse é frequentemente fatal. O início rápido de terapia apropriada está relacionado com maior sobrevida dos pacientes. A hemocultura é considerada o teste “padrão ouro” para identificar o microrganismo e avaliar seu perfil de sensibilidade. Contudo, mesmo usando técnicas automatizadas, é necessário realizar subculturas em meio sólido, postergando a liberação dos resultados. A utilização de técnicas moleculares para identificação de microrganismos e análise dos mecanismos de resistência a partir das garrafas de hemoculturas positivas estão disponíveis, sendo o MALDI-TOF MS uma das ferramentas mais empregadas, porém o elevado custo dificulta a implantação na maioria dos laboratórios. Diante disto, este estudo teve como objetivo comparar a realização da identificação de microrganismos e o teste de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA), empregando o método padrão e um método alternativo direto de garrafas de hemoculturas positivas.
MétodosO estudo foi observacional prospectivo conduzido em hospital terciário em Recife-PE que combinou os sistemas BD BACTEC - para hemoculturas automatizadas, o MALDI-TOF MS Bruker para identificação dos microrganismos e o BD Phoenix - para realizar os TSAs. Foram comparadas a identificação e o TSA realizados a partir das subculturas das amostras de hemocultura realizados pela técnica padrão com a metodologia “in house” empregando “pellets” obtidos diretamente das garrafas de hemoculturas positivas, utilizando centrifugação diferencial e saponina à 4%.
ResultadosForam analisadas 56 amostras, obtendo a seguinte distribuição: E. coli (13), K. pneumoniae (8), P. aeruginosa (5), S. aureus (5), A. baumannii (4), E. faecalis (3), E. cloacae (3), P. mirabilis (2), S. marcescens (2), S. capitis (2), S. hominis (2), S. epidermidis (2), S. haemolyticus (1), S. maltophilia (1), P. rettgeri (1), C. freundi (1) e M. morganii (1). Em relação a identificação dos microrganismos as técnicas concordaram em 98,2%. A concordância entre os TSAs foi de 97,01%, apresentando 1,79% de erro menor, 0,90% de erro grave, e 0,30% de erro muito grave com o uso de “pellets”.
ConclusãoO método alternativo apresentou elevada concordância com o método padrão, tendo como vantagem a rápida identificação do microrganismo, bem como do TSA, sem a necessidade de realizar subcultura, propiciando o ajuste adequado da terapêutica, impactando na redução do consumo de antimicrobianos, em menor custo hospitalar e maior sobrevida do paciente.