A identificação do perfil de resistência a antimicrobianos (ATM) tem se tornado cada vez mais importante na prática clínica frente ao cenário de multirresistência. Testes como mCIM (Método de Inativação de Carbapenem Modificado) e eCIM (Método de Inativação de Carbapenem Modificado por EDTA), combinados com testes de sensibilidade, levam a uma terapia-alvo mais racional.
MétodoEstudo retrospectivo de janeiro a dezembro de 2020. Os dados foram tabulados em um banco de dados eletrônico do Programa Stewardship for Antimicrobials (ASP) de um hospital de referência no Brasil. O teste mCim foi utilizado para detectar bactérias produtoras de carbapenemases e, em caso de positividade, o teste eCim foi realizado para identificar serina e metalo-betalactamases em enterobactérias. A avaliação da sensibilidade foi realizada pelo Etest® (Teste de Sensibilidade Antimicrobiana) e os pontos de corte BRCAST foram usados como padrão.
ResultadosForam analisados 78 pacientes com perfil de bactérias gram-negativas resistentes aos carbapenêmicos (BGN-RC). Foram realizados 118 testes mCIM e 68 testes eCIM. Sendo 51,69% (61/118) Klebsiella pneumoniae e 42,37% (50/118) Pseudomonas spp. Em relação ao perfil de resistência de Klebsiella pneumoniae, 88,5% (54/61) eram serino-betalactamase e 11,5% (7/61) eram metalo-betalactamase. Quanto à sensibilidade, 90,6% (48/53) com perfil de serino-betalactamase eram sensíveis a Ceftazidima/Avibactam e 9,4% (5/53) eram resistentes. Para Pseudomonas spp., 60% (30/50) eram produtores de carbapenemase, 36% (18/50) não eram produtores de carbapenemase e 4% (2/50) eram indeterminados. Entre os produtores de carbapenemase, 53,3% (16/30) eram serino-betalactamases, 43,3% (13/30) metalo-betalactamase e 3,4% (1/30) não foram testados. Para Pseudomonas spp., os produtores de carbapenemase 55,2% (16/29) foram sensíveis a Ceftazidima/Avibactam, e entre aqueles com perfil não enzimático 94,4% (17/18) foram sensíveis a Ceftolozone/Tazobactam.
ConclusãoA maior parte do BGN-RC apresentou produção de serino-betalactamases, com bom perfil de sensibilidade para o novo ATM. No entanto, foram identificados casos preocupantes em que as opções terapêuticas são praticamente inexistentes, como nas metalo-betalactamases. Assim, a terapia-alvo torna-se imprescindível para o uso racional e eficiente da ATM.