12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoSessão: TEMAS LIVRES | Data: 01/12/2020 ‐ Sala: 1 ‐ Horário: 18:15‐18:25
Introdução: Nas áreas endêmicas a malária assintomática, com baixa parasitemia pode ser uma possível forma de transmissão. A malária transfusional pode ser transmitida através de todos os componentes, os parasitos permanecem viáveis após semanas armazenados e podem sobreviver em sangue criopreservado. Um parasito/μL em um doador assintomático equivale a 400.000 parasitos em uma bolsa de 400 mililitros. Atualmente a única forma de rastreio de malária transfusional nas áreas endêmicas é a gota espessa (GE).
Objetivo: Com o objetivo de fornecer uma prevalência mais realista da malária em uma comunidade Yanomami semi‐nômade da Amazônia, pesquisamos as infecções microscópicas e submicroscópicas na comunidade de Marari.
Metodologia: Estudo realizado no Polo Base Marari, pertencente a tribo indígena Yanomami, com 430 amostras de sangue. Foram realizadas GE, vistas por 2 microscopístas experientes e PCR. Foram calculadas as áreas sob a curva de ROC (AUROC), sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo (VPP) e valor preditivo negativo (VPN) da GE em relação ao PCR (padrão ouro). Projeto aprovado pelo CONEP.
Resultados: Foram avaliadas 430 amostras, sendo 10 positivas na GE (2,3%) e 61 positivas ao PCR (14,2%). De acordo com a espécie, na GE, 7 eram P. vivax e 3 P. falciparum; no PCR, 28 eram P. vivax, 14 P. falciparum, 2 P. malariae, 13 P. vivax+P. falciparum, 2 P. vivax+P. malariae, 1 P. falciparum+P. malariae e 1 Plasmodium sp. A AUROC foi 0,582 (p=0,04), com intervalo de confiança 95% de 0,497‐0,667. Comparativamente ao PCR, a GE teve uma sensibilidade de 16%, especificidade de 100%, VPP de 100% e NPV de 88%, com acurácia de 10,8.
Discussão/Conclusão: Utilizando a técnica de PCR, mais sensível que a GE foi possível demonstrar que nesse grupo semi‐isolado cerca de 86% das infecções foram submicroscópicas, diagnosticadas apenas pela técnica de PCR. Em assintomáticos, mostramos uma AUROC de 0,582, com uma sensibilidade de 16% e uma acurácia de 10,8. Evidenciando uma baixa sensibilidade da GE em relação ao PCR como padrão ouro. Esses resultados são relevantes, pois os portadores assintomáticos permanecem sem tratamento e são fontes de infecção para os anofelinos, mantendo alta prevalência de malária nas aldeias Yanomami. Embora essas descobertas tenham destacado o diagnóstico molecular como mais apropriado para estimar a prevalência da malária em áreas endêmicas da Amazônia, a detecção de casos em bancos de sangue continua sendo um desafio.