XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoCandidemia é uma das principais Infecções de Corrente Sanguínea (ICS) em hospitais terciários, associada a maior permanência hospitalar e taxas de mortalidade, principalmente em pacientes críticos, em uso de antibióticos, imunossupressores, nutrição parenteral e procedimentos invasivos. Nos últimos anos, infecções causadas por Candida não-albicans tem aumentado de forma significativa, especialmente C. parapsilosis, C. tropicalis, C. glabrata e C. krusei. O objetivo desse trabalho foi descrever a prevalência das espécies de Candida isoladas em ICS em um hospital terciário da cidade de Salvador-Bahia.
MétodosFoi realizado um estudo retrospectivo para avaliar a frequência das espécies entre 2010 e 2022. A identificação foi realizada pelos sistemas automatizados (Vitek 2, bioMérieux) e meio cromogênico no período de 2010 a 2013, e pelo Maldi-tof (Vitek-MS, bioMérieux) entre 2014 e 2022. Resultados: Computou-se um total de 721 casos no período, com média de 61 casos por ano, sendo o maior número de isolados em 2021 (84 = 11,6%) e o menor em 2016 (33 = 4,6%). Com relação a distribuição de espécies, C. não-albicans correspondeu a 81,1% (585) e C. albicans 18,9% (136). Dentre as não-albicans, observamos maior frequência de C. parapsilosis 35,1% (253), seguido por C. tropicalis 19,5% (141), C. glabrata 14,6% (105), C. krusei 2,9% (21), C. orthopsilosis 1,9% (14) e C. guilliermondii 1,5% (11). Outras espécies isoladas com menor frequência (≤1%) foram: C. metapsilosis, C. haemulonii, C. kefyr, C. peliculosa, C. lusitaniae e C. duobushaemulonii.
ConclusãoNosso estudo corrobora os dados mostrados na literatura com relação as principais espécies não-albicans, especialmente C. parapsilosis, C. krusei e C. glabrata (n=499/69,2%). Verificamos maior isolamento de C. parapsilosis em 2021 e 2022, o que pode ser justificado pela pandemia de COVID-19, que predispôs os pacientes a infecções secundárias causadas por Candida, Aspergillus, Fusarium e Trichosporon. Além da COVID-19, outros fatores que podem ter contribuído para o aumento de casos de fungemias nestes pacientes foram o uso amplo de antimicrobianos e antifúngicos, seja para tratamento ou profilaxia de infecções, a capacidade de produção de “biofilme” por estes microrganismos e falhas na aplicação de medidas de prevenção e controle de infecções em ambientes hospitalares.