XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoO câncer cervical inicia-se com alterações celulares geradas por infecções persistentes de formas oncogênicas do HPV, que está associado ao câncer em múltiplos sítios anatômicos em homens e mulheres. As infecções por esse vírus diminuem a imunidade dos pacientes acometidos, facilitando a proliferação de fungos oportunistas (“Candida albicans”). O presente trabalho tem como objetivo estudar a microbiota das mucosas (oral, vaginal e perianal) de mulheres com HPV atendidas no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, correlacionar as resultados obtidos com hábitos de vida e histórico médico, e estudar amostras de leveduras (“Candida albicans”) isoladas dessas mucosas e verificar a presença de clones de mesma origem genética nos três sítios anatômicos estudados.
MétodosUm total de 105 mulheres com queixa inicial de condição relacionada à infecção pelo HPV foram incluídas no estudo. Essas mulheres, com idade entre 18 e 70 anos, tiveram o diagnóstico de infecção pelo HPV confirmado por citologia e/ou pesquisa de DNA/HPV. Foram investigadas variáveis sociodemográficas (idade ao diagnóstico do HPV, índice de massa corporal, escolaridade e estado civil), reprodutivas (idade da menarca e primeira sexarca, gestações, abortos, número de filhos), clínicas (comorbidades, tipo citológico de lesão e tipo do HPV) e relacionados aos hábitos de vida (alcoolismo, tabagismo, uso de medicamentos e uso de anticoncepcionais orais), além da análise microbiológica (“Candida” spp.) do material coletado e semeado.
ResultadosFatores como número de filhos, escolaridade, estado civil, presença de lúpus e transplantes foram os mais importantes para a ocorrência do HPV. As lesões citológicas NIC II e III (alto risco/alto grau) foram as mais prevalentes, sendo o tipo HPV 16 o mais frequente entre as mulheres estudadas. Em relação à microbiologia vaginal, apenas 10% apresentavam “Lactobacillus” spp. Na coloração de Gram. A presença de “Enterobacteriales”, vaginose bacteriana e/ou vulvovaginite fúngica foi observada em 19%, 13% e 22%, respectivamente, na microbiota vaginal. Entre as mulheres com vulvovaginite fúngica, 75% tinham “Candida albicans”.
ConclusãoOs resultados obtidos indicam que a investigação e manutenção da microbiota da mulher podem atuar como fortes aliadas para a prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças como o câncer de colo de útero/HPV na mulher.