XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoO estudo avaliou a associação entre o grau de comprometimento pulmonar na tomografia computadorizada de tórax (TC) de pacientes hospitalizados e positivos para SARS-CoV-2, com variáveis que pudessem ser potenciais fatores de risco para pior evolução clínica.
MétodosO estudo tem caráter descritivo, observacional e retrospectivo, foi realizado com amostra aleatória de 107 pacientes internados no Hospital das Clínicas de Botucatu - UNESP, no período de março de 2020 a outubro de 2021. Para análise comparativa, os pacientes foram divididos em três grupos de acordo com o grau de comprometimento pulmonar: até 1/3 (G1, n = 29), 1/3 a 2/3 (G2, n = 56) e maior que 2/3 (G3, n = 22). Desfechos avaliados: tempo de internação, necessidade de terapia intensiva (UTI), tipo de suporte de oxigênio e mortalidade. Outras variáveis coletadas: sexo, idade, comorbidades, vacinação contra a Covid-19 e sintomas na admissão hospitalar. Foram utilizados relatórios do SIVEP-gripe, do Vacivida e prontuários eletrônicos para coleta dos dados. Variáveis quantitativas foram analisadas pelos testes Poisson e Wald, Gamma e Anova e Tukey, e as categorizadas, por associações pelo teste Qui-Quadrado.
ResultadoA idade média dos participantes foi de 61,1 (±16,3) anos, 94,7% não eram vacinados para COVID-19 e 62,3% residiam em Botucatu. A maioria apresentou febre (61,4%), tosse (80,2%), dispneia (84,2%) e o tempo médio de internação foi de 15 dias (±17,7). Comorbidades estavam presentes em 81,2% dos hospitalizados (37,0% cardiopatas, 44,6% diabéticos). Os grupos foram homogêneos quanto a idade, doses de vacina contra COVID-19 recebidas, presença de fatores de risco, sintomas e tempo de hospitalização. No entanto, entre os 62 (57,9%) homens e as 45 (42,1%) mulheres incluídas, foi observada frequência significativamente diferente na distribuição dos sexos, apenas em G3: no qual 18,2% eram mulheres, enquanto 81,8% eram homens (p = 0,015). Além disso, maior comprometimento pulmonar também foi associado a maior necessidade de UTI (G1:7,1%; G2:3,1%; G3:61,9%; p =,0002), de uso de suporte ventilatório invasivo (0%; 28,8%; 47,6%; p <,0001) e número de óbitos (13,8%; 32,1%; 68,2%, p =,0002).
ConclusãoFoi evidente a associação entre maior comprometimento pulmonar e piores desfechos clínicos, o que foi predominante em homens. Este resultado reforça a importância da TC como preditora de prognóstico nos pacientes diagnosticados com SARS-CoV-2 para uma conduta médica mais assertiva.