Journal Information
Vol. 26. Issue S2.
(September 2022)
Share
Share
Download PDF
More article options
Vol. 26. Issue S2.
(September 2022)
EP-210
Open Access
FATORES ASSOCIADOS AO ÓBITO POR LEISHMANIOSE VISCERAL NO ESTADO DE MATO GROSSO, BRASIL
Visits
645
Amanda Gabriela Carvalho, André Luiz Mattos Kuhn, João Victor Leite Dias, João Gabriel Guimarães Luz
Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), Rondonópolis, MT, Brasil
This item has received

Under a Creative Commons license
Article information
Special issue
This article is part of special issue:
Vol. 26. Issue S2
More info
Introdução

A leishmaniose visceral (LV) é uma doença sistêmica grave. Apesar dos esforços empreendidos no Brasil para detecção e tratamento oportuno, 5-10% dos casos ainda apresentam desfecho fatal. O estado de Mato Grosso é uma importante área endêmica para LV que carece de estudos relacionados à ocorrência de óbitos pela doença.

Objetivo

Investigar fatores associados ao óbito por LV em Mato Grosso.

Método

Trata-se de um estudo retrospectivo que incluiu todos os casos de LV notificados no estado, entre 2007 e 2018, no Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN). Para cada paciente, foram coletadas informações sociodemográficas, diagnósticas e clínicas. A ocorrência de óbito por LV foi definida como desfecho principal de acordo com a variável evolução nos registros do SINAN. Após análise descritiva e univariada, as variáveis sem registros faltantes e com valor de p < 0,20 foram selecionadas para modelagem múltipla por regressão logística.

Resultados

Mato Grosso registrou 377 casos de LV durante o período. Destes, 46 (12,2%) evoluíram para óbito por LV. Dentre os casos fatais, houve predomínio de indivíduos do sexo masculino (63,0%), com idade ≥ 48 anos (47,8%), de raça parda/preta (74,4%) e com escolaridade ≤ 8 anos (54,8%). Aproximadamente 40% destes indivíduos tiveram que se deslocar do município de residência para notificação, que foi conduzida principalmente por serviços especializados (93,3%) em um período < 28 dias (52,2%) após o surgimento das primeiras manifestações clínicas. A maior parte dos pacientes foi positiva em exame parasitológico direto (90,6%) e imunofluorescência indireta (95,8%), bem como apresentou febre (91,8%), esplenomegalia (86,1%), fraqueza (81,3%), perda de peso (76,1%), hepatomegalia (75,8%) e palidez cutaneomucosa (72.8%). A co-infecção LV/HIV foi reportada em 8,5% dos pacientes. Os casos de óbito por LV diferiram dos demais considerando faixa etária (p < 0,001), deslocamento para notificação (p < 0,001), ocorrência de edema (p < 0,001), infecções bacterianas (p < 0,001) e hemorragia (p < 0,001). Após a análise múltipla, os fatores associados ao óbito por LV foram: idade ≥ 48 anos (OR = 7,2; IC95% = 3,4-15,3), deslocamento para notificação (OR = 3,3; IC95%=1,5-7,2), edema (OR = 2,8; IC95%=1,3-6,1) e hemorragia (OR = 5,8; IC 95% = 2,5-12,8).

Conclusão

Os fatores associados ao óbito sugerem o diagnóstico tardio como causa relacionada aos desfechos fatais por LV. Isso requer o fortalecimento dos serviços de atenção primária para o reconhecimento e tratamento precoce da doença na área.

Full text is only aviable in PDF
The Brazilian Journal of Infectious Diseases
Article options
Tools