A pandemia COVID-19 está sendo considerada uma das mais devastadoras e desafiadoras crises da saúde pública mundial, impactando na saúde mental e no bem-estar psicológico. Somado a isso, a sociedade impõe padrões exigentes com elevadas e desgastantes expectativas, tornando a universidade um ambiente estressor capaz de prejudicar não só a formação, mas também a qualidade de vida do estudante. Desta forma, a avaliação de fatores associados a alterações na saúde mental poderia contribuir para a promoção de medidas preventivas.
ObjetivoAvaliar a prevalência de alterações na saúde mental (depressão, ansiedade e estresse) de estudantes universitários da área da saúde e fatores associados em tempos de pandemia COVID-19.
MétodoForam avaliados 140 estudantes do curso de biomedicina de uma universidade do interior paulista. Para tanto, os participantes responderam a um instrumento com questões estruturadas, organizados em: caracterização da população de estudo; uso de tabaco e álcool (ASSIST) e avaliação da saúde mental (DASS-21). A associação das variáveis do estudo foi realizada através dos testes do qui-quadrado, Fisher ou qui-quadrado de continuidade. Para avaliar os fatores associados às alterações da saúde mental foi utilizada a razão de chances (odds ratio/OR). Foi considerando significativo p < 0,05. Este trabalho foi aprovado pelo CEP (13359019.3.0000.5515).
ResultadosDentre os estudantes universitários avaliados, 44,85% apresentaram sinais de depressão, enquanto 55,22% de ansiedade e 71,54% de estresse. A associação entre as caraterísticas da população e avaliação do DASS-21 demonstrou que o sexo feminino tinha uma chance 0,40 vezes (p = 0,0387) maior de apresentar sintomas de estresse; idade entre 18 e 20 anos uma chance 2,645 vezes (p = 0,0462) maior em relação à 21 a 24 ano e uma chance 5,429 vezes (p = 0,0035) maior em relação à maiores de 24 anos de apresentar sintomas de estresse; estar solteiro uma chance 4,966 vezes (p = 0,0111) maior de apresentar sintomas de ansiedade; usar tabaco uma chance 2,270 vezes (p = 0,0318) maior de apresentar sintomas de depressão e, uma chance 2,740 vezes (p = 0,0151) maior de ansiedade; usar álcool uma chance 3,504 vezes (p = 0,0265) maior de apresentar sintomas de depressão, uma chance 4,013 vezes (p = 0,0088) maior de ansiedade e, uma chance 5,005 vezes (p = 0,0012) maior de estresse.
ConclusãoEstudantes universitários apresentam uma elevada prevalência de alterações da saúde mental, associadas principalmente à pouca idade e ao uso de tabaco e álcool.