XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA falta de adequada abordagem dos profissionais de saúde na prestação de assistência com enfoque na vivência saudável da sexualidade e escolhas reprodutivas, permanece como sombra sobre a vida das mulheres, de modo especial daquelas que vivem com HIV. Compreender a percepção dessas mulheres se torna fundamental para o aprimoramento da assistência.
ObjetivoAnalisar a abordagem de profissionais de saúde sobre a temática de métodos contraceptivos, a partir da experiência narrada por mulheres vivendo com HIV (MVHIV).
MétodoAnálise temática qualitativa de entrevistas narrativas, a partir da aplicação da Classificação Hierárquica Descendente, realizada no software Iramuteq. A amostra foi composta por 10 mulheres vivendo com HIV, entrevistadas entre 1/11/2020 e 1/11/2022, assistidas em um SAE, em São Paulo. CEP 3.139.029 – SMS/SP e 3.081.173 – EE-USP/SP.
ResultadosA partir da análise, destacou-se a categoria prevenção da gravidez. Dentre as palavras que se destacaram, identificamos preservativo (chi2 = 5,77), único (chi2 = 5,17), conversar (chi2 = 8,5) e falar (chi2 = 3,93), que deram origem a subcategoria Falas sobre preservativo. Ao analisar o contexto, foi possível o resgate dos seguintes relatos: “Ela olhou para minha cara e falou: deve ser complicado para você. Perguntei o porquê e ela: você vai se relacionar com alguém, tem que tomar cuidado porque pode colocar outra pessoa em risco, mesmo tomando o anticoncepcional tem que usar preservativo. Me senti uma bomba relógio (N8)”; “sobre método contraceptivo acho que a questão que me falaram aqui foi que tenho que usar, porque se não usar vou passar para o parceiro que tiver comigo. Então ou você usa ou você usa, não tem outra opção (N9)”; “A sexualidade era tranquila, não estou aquela coisa, mas de vez em quando rola. Hoje não tenho mais namorada, por opção. E com mulher, ninguém fala de preservativo (N5)”; “A única conversa que tive aqui sobre esse assunto, foi com aquela assistente social, que disse que mesmo eu e meu marido tendo a doença, teria que usar preservativo para o resto da vida (N3)”.
ConclusãoA partir da análise dos dados, é perceptível a necessidade de assistência embasada nas melhores evidências científicas, de forma a respeitar a liberdade de escolha das mulheres, possibilitando a elas, a decisão do uso do preservativo, com informações que embasem a decisão de modo seguro e de plena consciência dos parâmetros necessários a essa prática.