A sífilis é uma doença infectocontagiosa causada pelo Treponema pallidum e que acomete exclusivamente o ser humano. Mesmo com tratamento disponibilizado pelos serviços de saúde e sendo plenamente curável, ainda é considerado um grave problema de saúde pública. Em homens que fazem sexo com homens (HSH) existe uma elevada prevalência de casos notificados de sífilis adquirida, o que pode estar correlacionado com práticas sexuais desprotegidas e/ou vulnerabilidade social. Assim, o objetivo do trabalho foi investigar a soroprevalência do T. pallidum em HSH, além de analisar o perfil socioepidemiológico e de comportamento sexual dessa população.

O estudo foi do tipo transversal, descritivo e analítico em homens que auto se identificaram como HSH, maiores de 18 anos, que participaram de ações em saúde realizadas pela Universidade Federal do Pará, no período de 2022 a 2023 e que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Foi coletado 10 mL de sangue venoso periférico para realização do teste rápido treponêmico e, para a confirmação do diagnóstico, foi realizado o teste não treponêmico Venereal Disease Research Laboratory (VDRL). Foi considerado como positivo para sífilis os indivíduos que apresentaram reatividade em qualquer uma das diluições.

Participaram da pesquisa 180 indivíduos, com média de idade entre 21 e 26 anos. Quanto à orientação sexual, 65% (106/180) eram homossexuais e a maioria (84,44%; 152/180) era solteiro, com renda de 1 a 2 salários (57,78%; 104/180) e com ensino superior (77,78%; 140/180). Da amostragem total, 18,89% (34/180) foram positivos no teste rápido e, destas, 58,2% (20/34) foram reagentes no VDRL. A prevalência da infecção foi de 11,11% (20/180) sendo que a maioria deste grupo possuía de 3 a 5 parceiros sexuais e declarou que às vezes usavam preservativos.

Foi observada uma alta prevalência de exposição ao T. pallidum na população estudada, indicando que o maior risco de contrair sífilis está ligado ao número de parceiros sexuais e à falta de uso de preservativos. Dessa forma, torna-se importante investigar mais fatores relacionados às infecções sexualmente transmissíveis na população de HSH do Pará para assim criar estratégias de enfrentamento e educação em saúde.