XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoPessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA) podem apresentar um risco maior de internações e morte por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) devido às comorbidades não aids pré-existentes, que são mais frequentes nesta população. Com o surgimento da COVID-19, notou-se a necessidade de maior investigação sobre a evolução da SRAG nessa população devido aos dados divergentes que a literatura apresenta.
ObjetivoAnalisar a evolução clínica e gravidade das síndromes respiratórias em PVHA atendidas em ambulatório ou hospitalizadas, e buscar associações entre os diferentes desfechos e o resultado da testagem para SARS-CoV-2, comorbidades presentes e parâmetros imunológicos (contagem de linfócitos TCD4+ e nadir).
MétodosNo período de 05/2020 a 03/2023, foram incluídos todos os casos de PVHA residentes em Botucatu, notificados nas plataformas E-sus e Sivep-Gripe. A lista de 361 PVHA investigadas foi proveniente de um serviço de infectologia de referência na região. Os grupos foram divididos de acordo com a positividade para SARS-CoV-2. Testes estatísticos aplicados: Teste T, Qui-quadrado, Binomial Negativa e ANOVA.
ResultadosEntre os 206 pacientes que apresentaram sintomas gripais, 91 (44,2%) testaram positivo para COVID-19, sendo mais frequentes a dor de garganta (44,0%, p = 0,050 em comparação aos não-COVID) náusea (8,8%, p = 0,023), distúrbios gustativos (16,5%, p = 0,005) e mialgia (35,2%, p = 0,009). Os grupos foram homogêneos para idade, sexo, T CD4+ e nadir. Houve necessidade de internação para apenas 15 (7,2%) pessoas, sendo 5 positivas para SARS-CoV-2. Somente a baixa contagem de TCD4+ (p <,001) e nadir (p <,0001) foram associados à internação. Todos os hospitalizados por COVID-19 apresentaram ao menos uma comorbidade, diferentemente do grupo não-COVID (p = 0,025), entre elas, asma, cardiopatia e dislipidemia. Não houve diferença entre os grupos quanto ao uso de suporte ventilatório e internação em unidade de terapia intensiva (UTI), todavia houve diferença para o desfecho óbito, que foi maior no grupo COVID-19 (40%, n = 2) em relação ao não-COVID (60%, n = 10).
ConclusãoA frequência de SRAG nas PVHA foi baixa, com menos casos notificados de COVID-19 comparados a outros agentes etiológicos. Apesar disso, o grupo COVID-19 teve pior desfecho clínico (óbito), cenário semelhante à população geral hospitalizada por SRAG. Contudo, requer atenção apenas as baixas contagens de T CD4+ e nadir, que foram associadas às internações, mas não necessariamente aos óbitos.