XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoAo longo dos anos, a população humana teve que lidar com várias pandemias, incluindo as virais e não virais. A última foi a COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, a qual se iniciou em dezembro de 2019 na China. Os estudos sobre a COVID-19 no Brasil foram predominantemente em grandes centros urbanos. No entanto, o planejamento de medidas de prevenção deve fazer parte de programas globais e também setoriais, uma vez que essa doença também atingiu pequenos municípios brasileiros. Assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar a distribuição geográfica e as características epidemiológicas da infecção por SARS-CoV-2 em indivíduos residentes em um município com baixa densidade populacional no estado de Minas Gerais, Brasil.
MétodosTrata-se de um estudo retrospectivo e transversal, com coleta de dados a partir da ficha de notificação de COVID-19 registrada pela Vigilância Municipal de Saúde do município de Santos Dumont, Minas Gerais, Brasil, de março de 2020 a julho de 2021. Os pontos georreferenciados usados nas análises espaciais foram realizados considerando os dados de residência dos indivíduos. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Juiz de Fora (Número do Parecer: 4.138.128).
ResultadosDo total de 8.271 indivíduos com suspeita de COVID-19 em Santos Dumont, 4.595 se declararam residentes no município, sendo que 3.446 testaram positivo para SARS-CoV-2 e 1.149 negativo. O mapa coroplético com a distribuição dos casos positivos mostrou que os maiores índices de infectados foram registrados na região central do município. A análise univariada não mostrou diferenças estatisticamente significativas para o desfecho quando analisados o sexo e a raça/cor dos indivíduos. Entretanto, destaca-se que a análise multivariada revelou maiores chances de infecção por SARS-CoV-2 associada aos indivíduos que não são profissionais de saúde (OR 2,042; IC95% 1,41-2,94).
ConclusãoA região central, mais densa, do município apresentou maior vulnerabilidade ao contágio por SARS-CoV-2, sendo um importante fator relacionado a taxa de transmissão da doença, assim como entre os indivíduos que não são profissionais de saúde. Esses resultados podem ser usados como parâmetros na construção de políticas públicas de saúde visando o controle de futuras pandemias.