XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA esporotricose é uma afecção fúngica globalmente distribuída, relacionada aos fungos do complexo Sporothrix schenckii. No Brasil, a doença consolidou-se majoritariamente como uma zoonose, ao passo que a espécie nativa (Sporothrix brasiliensis) teve sua transmissão quase que intrinsecamente relacionada aos felinos. Desde a descrição primária dessa forma em 1990, a infecção encontra-se em ampla expansão geográfica no País, por efeito das práticas negligentes em prevenção e educação social, bem como a limitada disponibilidade de informações científicas de qualidade. No Rio Grande do Norte (RN) o primeiro caso foi diagnosticado em outubro de 2016 no Hospital de referência Giselda Trigueiro e desde então busca-se traçar um perfil clínico e epidemiológico de pacientes com esporotricose atendidos no hospital, entre 2016 e março de 2023.
MétodosEstudo descritivo observacional retrospectivo cujos dados utilizados foram coletados a partir dos prontuários médicos, totalizando um espaço amostral de 401 participantes. Foram descritas variáveis sociodemográficas (idade, sexo, município, bairro e ocupação) e clínicas (forma de contato, local da lesão, forma clínica e tratamento). As análises foram realizadas utilizando o software Statistica.
ResultadosO número de casos de esporotricose encontra-se em ascensão no Estado, e estão concentrados na capital e em sua região metropolitana. Em Natal ‒ capital do estado ‒ há o maior volume de ocorrências, especialmente em suas zonas administrativas com menores índices de desenvolvimento sócio-econômico. A transmissão foi primordialmente relacionada ao contato com o gato, independente da presença de lesões causadas pelo animal. A ocupação mais relacionada é a doméstica ou peri-doméstica, com ênfase em aposentados e trabalhadores do lar. As mulheres são as mais afetadas pela esporotricose, especialmente aquelas nas faixas etárias entre 31‒70 anos. A forma clínica prevalente foi a linfocutânea, sendo os membros superiores a parte do corpo mais acometida. O Itraconazol foi o medicamento preconizado para tratamento da micose desde o início do estudo.
ConclusãoOs dados obtidos no RN somam-se aos relatos feitos em outros estados atingidos por essa zoonose. Por ser uma doença relativamente nova, a esporotricose ainda necessita de estudos sobre o seu perfil clínico e epidemiológico e encontra neste trabalho informações que muito contribuem para a construção do conhecimento e estabelecimento de medidas de controle.