A equinocococcose é uma zoonose causada pelo verme Echinococcus sp.. O parasita causa inflamação granulomatosa que permite que o fluido inflamatório seja envolto por uma cápsula de tecido fibroso, formando o cisto hidático. Em equinococose óssea, o envolvimento da coluna vertebral é o mais prevalente, embora rara no geral (0,4-1%).

Trata-se de uma paciente de 80 anos que procura atendimento médico por dor lombar de forte intensidade, com início há dois meses e piora progressiva, com irradiação para região inguinal à esquerda. Evoluiu com perda de força em membro inferior esquerdo. Em ressonância magnética de coluna vertebral visualizou-se lesão expansiva de T10 a L1. A paciente havia realizado, há 14 anos, cirurgia de coluna lombar para ressecção de cisto hidático paravertebral esquerdo envolvendo musculatura do iliopsoas, e também de cisto hidático retroperitoneal. Também apresentava fratura patológica de T12 e L1, sendo realizada corpectomia e artrodese em T11 e L2. No início do quadro, apresentava os mesmos sintomas. Iniciado nesse momento terapia antiparasitária com albendazol, a qual a paciente vinha em uso desde a cirurgia. A mesma também apresentava hipertensão arterial sistêmica e hipotireoidismo, com controle medicamentoso adequado. Nessa internação, foi indicada abordagem cirúrgica devido à invasão de canal medular. No entanto, a paciente optou por não realizar o procedimento proposto.

A equinococose espinhal apresenta-se na maioria dos casos com síndrome de compressão medular, apresentando dor e posteriormente perda de força. Outros sintomas incluem radiculopatia, mielopatia e fraturas patológicas. O tratamento consiste em excisão cirúrgica e no mínimo 6 meses de albendazol. A taxa de recorrência gira em 48% em 24 meses.