14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA população em situação de rua (PSR) apresenta um risco de adoecer por tuberculose (TB) 54 vezes maior do que a população em geral, tendo em vista o baixo acesso ao sistema de saúde, bem como a insegurança alimentar e sanitária, a violência e a discriminação enfrentada diariamente que prejudicam seu acesso e capacidade de aderir ao cuidado necessário. Ademais, a PSR também está mais sujeita a ter desfechos negativos no tratamento da doença, incluindo perda de acompanhamento e óbito.
ObjetivoAnalisar o perfil epidemiológico de pacientes confirmados com TB da população em situação de rua nos últimos cinco anos (2018-2023).
MétodoEstudo ecológico, com casos confirmados de TB do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Foram incluídos casos de TB na PSR, especificando o ano de notificação, região, sexo, faixa etária, uso de tabaco, uso de álcool, TB associado a AIDS e forma de TB.
ResultadosForam registrados 24.412 casos de TB na PSR. A região mais acometida, com casos confirmados, foi a região Sudeste, com 12.595 (51,59%). O ano com maior incidência de casos foi em 2023, com 5.686 (23,15%). A faixa etária mais acometida é o intervalo de 20-39 anos (11.765; 48,26%), seguido de 40-59 (10.853; 44,52%). O sexo mais acometido é o masculino com 19.846 casos, o equivalente a 81,30%. Com relação a forma de TB mais prevalente, entre a população em situação de rua, é a forma pulmonar, com 22.730 casos (93,11%), seguida da extrapulmonar com 844 casos (3,46%). Outros pontos analisados, foi a associação de TB e álcool, existente em 13.646 casos (55,90%); a associação de TB e fumo ocorreu em 12.540 casos (55,33%). No tocante à coinfecção de AIDS e TB ocorreu em 22,79%, em contraste com 70,13% dos casos nos quais não havia a infecção simultânea.
ConclusãoApesar de existirem políticas públicas direcionadas às pessoas em situação de rua, faz-se evidente, a partir dos dados apresentados, a necessidade de aprimorá-las, a fim de combater e controlar efetivamente a TB na PSR. Para isso, é urgente que a assistência em saúde enxergue as complexidades e vulnerabilidades enfrentadas por essa população, de forma que seja traçada uma efetiva ação de abordagem e acolhimento da PSR, a fim de promover o diagnóstico precoce e o acompanhamento até o fim do tratamento necessário.