14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA esporotricose é uma micose subcutânea causada por um fungo dimórfico do gênero Sporothrix com distribuição mundial. Tradicionalmente, a infecção ocorre após a inoculação traumática de propágulos fúngicos na pele, os quais podem estar presentes na matéria orgânica, ou por meio de arranhões, mordidas, contato direto com secreções de lesões ou espirros de felinos doentes (zoonose). A esporotricose causa principalmente lesões cutâneas na forma linfocutânea, seguidas de lesões cutâneas fixas. Porém, podem ocorrer formas extracutâneas, devido à disseminação do fungo nas vísceras, ossos e sistema linfático. A esporotricose sistêmica em indivíduos imunocomprometidos está aumentando no Brasil, especialmente em pessoas que vivem com HIV.
ObjetivoPortanto, nosso objetivo foi estudar as características clínicas e microbiológicas da esporotricose em pacientes HIV positivos.
MétodoEste estudo transversal retrospectivo incluiu 15 pacientes com esporotricose (consulta médica ou internação) atendidos no Hospital Eduardo de Menezes, em Minas Gerais, Brasil, de 2014 a 2023. Todos os pacientes com culturas positivas para Sporothrix foram incluídos na análise. Aprovação ética:(CAAE 00883118.0.0000.5149) e (CAAE 00883118.0.3001.5124). O consentimento informado foi obtido de todos os participantes individuais incluídos no estudo.
ResultadosComo resultado, verificamos que a maioria dos pacientes era do sexo masculino, representando 86,7% (13/15) dos casos. A faixa etária foi de 23 a 63 anos, com média de idade de 44 anos. A apresentação clínica mais frequente foi a esporotricose sistêmica com 86,7%. Todos os pacientes apresentaram lesões cutâneas e 68% lesões mucosas (oral e/ou nasal) associadas. Quanto ao envolvimento extracutâneo, 53,3% apresentaram envolvimento neurológico e osteoarticular, cada, 26,7% ocular e 33,3% pulmonar. Curiosamente, cerca de 53,3% tiveram o envolvimento de múltiplos órgãos. Em (13/15) pacientes, a contagem de células T CD4+ variou de 2 a 212 células/mm³ (média 89 células/mm³) e a carga viral do HIV detectada no diagnóstico de esporotricose variou de indetectável a 150.516 cópias/mL (média 25.500 cópias/mL). Quanto ao desfecho, 71,4% (10/14) dos pacientes foram a óbito. Dos isolados recuperados, (1/10) foi S. schenckii e (9/10) S. brasiliensis.
ConclusãoA esporotricose causada por S. brasiliensis é uma doença prevalente no Brasil e indivíduos que vivem com HIV podem apresentar manifestações graves com risco de morte.