14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoCom o início da pandemia de covid-19, medidas foram implementadas para conter a transmissão do vírus, como o uso obrigatório de máscaras de proteção por profissionais de saúde. Entretanto, surgiram preocupações com relatos de caso de alterações na pele, como mudanças físico-químicas e o surgimento de doenças dermatológicas, potencialmente causadas pelo uso constante de máscaras.
ObjetivoEste estudo tem como objetivo avaliar o impacto do uso de máscara de proteção individual no microbioma da pele de profissionais de saúde.
MétodoO estudo foi realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina e no Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo, com aplicação de um questionário via Google Forms(informações demográficas, epidemiológicas e do uso de máscara de proteção individual). Os dois primeiros swabs foram coletados da área coberta pela máscara, entre abril e setembro de 2022. Essas amostras foram sequenciadas, usando a região V4 do 16S na plataforma Ion GeneStudio S5™ e foram analisadas usando QIIME2, com análise estatística realizada pelo software R, valor p < 0.05 foi considerado significativo.
ResultadosNoventa amostras foram coletadas, predominantemente de mulheres (83,3%), idade 19 a 72 (37.2) e etnia mais frequente branca. A máscara N95 ou respirador PFF2 foi a mais predominante (56,7%). O desconforto foi relatado por 73,3%, com destaque pele oleosa (35,2%) e acne (24,2%). A análise do microbioma da pele revelou Cutibacterium, Staphylococcus e Corynebacterium como gêneros predominantes, constituindo 88,4%. As análises de diversidade alfa mostraram diferenças significativas (p-valor < 0,05) com base em gênero, troca de máscara e uso diário de máscara. As análises de diversidade beta, utilizando PERMANOVA, apresentaram p-valores significativos (p < 0.05) para variáveis relacionadas a Tratamento de pele, Contato prévio com COVID-19, Etnia, Troca de máscara, Uso de produtos com a máscara e Doença crônica. A análise de expressão gênica diferencial (DESeq2) identificou diferenças estatísticas na troca de máscara dentro dos gêneros Staphylococcus, Corynebacterium e Cutibacterium.
ConclusãoO uso de máscaras de proteção individual por mais de 8 horas foi associado a uma redução na diversidade alfa. Por outro lado, aqueles que substituíram as máscaras após duas horas houve uma distinção na diversidade beta com um aumento nos gêneros Staphylococcus e Corynebacterium.