14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoPacientes com neoplasia hematológica são de alto risco para desenvolver neutropenia e infecção primária de corrente sanguínea associada a lesão de barreira mucosa (IPCS-LBM). Entretanto, há poucos dados na literatura comparando o manejo de cateter venoso central (CVC) nestes pacientes: deve ser mantido ou não?
ObjetivoDescrever a conduta em relação ao CVC, em pacientes oncohematológicos, que desenvolveram IPCS-LBM. Avaliar a recorrência das infecções, assim como o tempo de defervescência da febre e a evolução.
MétodoEstudo retrospectivo, descritivo, que incluiu adultos com neoplasia hematológica, internados no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, de janeiro a dezembro de 2023, que desenvolveram IPCS-LBM, segundo critérios da ANVISA e que possuíam um CVC (inserção central ou periférica), no momento da infecção. Excluídos pacientes em cuidados paliativos exclusivos. Recorrência da infecção foi definida como crescimento da mesma bactéria em sangue, em 90 dias. A retirada ou não do CVC e fatores como doença oncológica, agente etiológico, perfil de resistência, defervescência da febre, evolução e critério para ICS relacionada ao CVC, foram avaliados.
ResultadosOcorreram 27 episódios de IPCS-LBM em pacientes com CVC. Dezenove (70%) tiveram o CVC mantido (Grupo 1) e 8 foram removidos (Grupo 2). A média de retirada de CVC foi de 3 dias (1-5 dias). A neoplasia mais frequente nos dois grupos foi Leucemia Mielóide Aguda (17 pacientes; 63%). O CVC de inserção periférica (PICC) foi o mais usado no Grupo 1 (84%), mas 50% no Grupo 2. O tempo médio de defervescência da febre foi 1,8 dias (1-6 dias) no grupo que manteve o CVC e 3,3 dias (1-8 dias), no outro grupo. Recorrência da infecção ocorreu em 2 casos que mantiveram o cateter (11%). Os Gram negativos foram os agentes mais comuns em ambos os grupos (65% x 90%), sendo E. coli o mais frequente no Grupo 1 e K. pneumoniae, no Grupo 2. Mortalidade em 7 dias foi maior no Grupo 1 (16% x 0), mas aos 90 dias, no Grupo 2 (32% x 40%, respectivamente).
ConclusãoPacientes oncohematológicos necessitam de CVC para quimioterapia, antibiótico ou transfusão de sangue e derivados. Desta forma, a manutenção do CVC num episódio de IPCS-LBM minimizaria o risco de um novo procedimento. Em nossa descrição, a permanência do CVC em episódios de IPCS-LBM pareceu segura, embora casos de recorrência e óbitos tenham ocorrido. A presença do PICC pode ter contribuído para a permanência do dispositivo. Estudos com número maior de casos são necessários.