14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA Endocardite Infecciosa (EI) por bactérias gram-negativas, especialmente do grupo não-HACEK, é uma condição rara e geralmente associada a indivíduos que fazem uso de drogas injetáveis ou relacionada à assistência à saúde e com altas taxas de letalidade. A EI por Pseudomonas aeruginosa é ainda menos frequente do que as EI causadas por bactérias da família Enterobacteriaceae, com poucas séries de casos descritas na literatura, porém sabidamente associada a quadros mais graves, com maior necessidade de intervenção cirúrgica.
ObjetivoRelatar caso de EI de coração direito por Pseudomonas aeruginosa em paciente jovem imunocompetente.
MétodoRelato de caso e revisão de literatura.
ResultadosPaciente jovem, com hepatite C crônica, sem cirrose hepática, com EI de valva tricúspide por P. aeruginosa decorrente do uso inadequado de um portocath em veia subclávia direita. Tal dispositivo fora instalado alguns anos antes em outro serviço devido à necessidade de frequentes infusões EV de analgésicos por um quadro possível de fibromialgia evoluindo com dores crônicas de difícil manejo. Havia a hipótese de adicção a opioides. Na admissão chegou a apresentar quadro de sepse, evoluindo com sinais de insuficiência hepática, com melhora após tratamento. Apresentou complicações como embolia séptica para o parênquima pulmonar e para os grandes vasos pulmonares. O portocath foi retirado e posteriormente foi submetida à ressecção da vegetação em valva tricúspide e trombectomia em vasos pulmonares associadas a antibioticoterapia EV por 6 semanas com Cefepime (6g/dia) em regime de internação hospitalar. Paciente apresentou boa evolução clínica e recebeu alta para casa após término do tratamento.
ConclusãoA rápida identificação da Pseudomonas nas hemoculturas, o início precoce de antibioticoterapia efetiva e a intervenção cirúrgica em tempo hábil foram fundamentais para a boa resposta clínica da paciente. Além disso, por se tratar de cepa com boas opções terapêuticas foi possível manter a monoterapia direcionada e com o menor espectro antimicrobiano possível, propiciando um menor risco de eventos adversos e menor risco de seleção de cepas resistentes. Não há consenso na literatura quanto à necessidade ou não da associação de antimicrobianos para o tratamento de EI por bacilos gram-negativos não HACEK, de modo que é fundamental o compartilhamento de experiências de casos de endocardite por patógenos pouco habituais.