14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA Epidermodisplasia verruciforme (EV) é uma genodermatose autossômica recessiva rara. Essa condição afeta o sistema imunológico e predispõe os indivíduos ainfecções persistentes por certos tipos de HPV. Estuda-se que a maior susceptibilidade a essas infecções seja associada sobretudo a inibição seletiva da resposta imune de linfócitos T. Classicamente, a doença se manifesta pela presença de máculas ou pápulas eritematosas e/ou hipocrômicas disseminadas. Pacientes portadores do vírus HIV, igualmente, por imunodeficiência, podem desenvolver lesões cutâneas características da EV com maior frequência e gravidade pelo risco de evolução das lesões até um câncer de pele em até 30% dos casos.
ResultadosO relato presente descreve um homem, preto, 45 anos, portador de HIV/AIDS (CV: 2832/ CD4: 119) em tratamento irregular, com passado de infecção por TB tratada que apresentou quadro de hemiparesia espástica direita progressiva de predomínio crural de início há 03 meses associado à perda ponderal de 10kg em 6 meses e pancitopenia severa devido à hipovitaminose de B12. Além disso, apresentava máculas hipocrômicas de base eritematosa, não pruriginosas, com bordos descamativos em áreas fotoexpostas de MMSS, tronco e face de início há cerca de 10 anos após início de TARV. Realizada RNM de coluna total evidenciando lesão focal com alteração de sinal e realce pelo contraste endovenoso de C6-C7 e lesões degenerativas de C5-C7 e análise de LCR com presença de pleocitose e hiperproteinorraquia, sendo aventada à hipótese de Mielorradiculopatia. Realizado ainda biópsia de lesões cutâneas com confirmação histopatológica de Epidermodisplasia Verruciforme.
ConclusãoO rastreio precoce da EV é de suma importância em pacientes com HIV/AIDS devido à maior susceptibilidade para evolução maligna. O paciente em questão apresentava máculas hipocrômicas e eritematosas em áreas de fotoexposição compatíveis com EV, cujo diagnóstico é essencialmente clínico. Embora não haja cura para a EV, o que torna a prevenção da malignização de lesões ainda mais fundamental, existem tratamentos disponíveis para controle de sintomas, os quais incluem crioterapia, queratolíticos, retinóides ou crioterapia e o estímulo à fotoproteção. Ademais, o acometimento neurológico torna-se mais frequente e mais grave quanto menor for o CD4 do paciente. Portanto, o diagnóstico diferencial precoce das mielopatias nos pacientes HIV é fundamental em virtude das altas taxas de malignidade e evolução rápida nestes pacientes.