A PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) é uma medida preventiva que reduz drasticamente as chances de infecção pelo vírus HIV, pelo contato sexual, com uma eficácia de até 99%. Essa recente estratégia disponível no SUS tem se mostrado uma ferramenta essencial para conter a disseminação do HIV. Nesse sentido, é importante compreender como esse método tem se distribuído pelas regiões do Brasil.

Analisar os dados da distribuição regional da dispensação da PrEP no Brasil entre 2018 e 2023.

Estudo ecológico utilizando dados do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DATHI) em comparação com o Censo Demográfico do Brasil de 2022 publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Foi avaliada a distribuição das dispensações de PrEP e das Unidades Dispensadoras de Medicação (UDMs) por região brasileira no período de 2018 a 2023.

Ocorreu um aumento progressivo no número total de dispensações da PrEP no Brasil entre 2018 e 2023, representando um crescimento de 1.160,96%, com uma redução em todas as regiões no período de 2019 e 2020. Em relação ao número de UDMs, observou-se um crescimento de 630,68% no país. Na dispensação por região, existe uma desproporcionalidade em relação à distribuição populacional. Em 2022, o Sudeste representava 41,78% da população brasileira, abrangendo 58,83% das dispensações da PrEP. No mesmo período, as regiões Norte e Nordeste representavam 8,55% e 26,91% da população brasileira e apresentavam apenas 4,69% e 11,23% das dispensações, respectivamente. No período analisado, a região Sudeste manteve-se com o maior número de dispensações de PrEP, mas com uma pequena redução da relevância dessa região em relação aos números totais nos últimos dois anos. Destacaram-se as dispensações no Centro-oeste, que cresceram 2.076,77% entre 2018 e 2023.

A PrEP tem se disseminado no Brasil como importante estratégia de prevenção do HIV. Todavia, observou-se um descompasso entre a distribuição populacional de cada região e a distribuição do número de dispensações e de UDMs, o que indica que a estratégia pode estar muito centralizada em locais de melhores índices econômicos e educacionais, o que precisa ser superado. A pandemia de Covid-19 explica a desaceleração da disseminação da política em 2020.