14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) é uma estratégia que reduz as chances de contágio pelo vírus do HIV, por via sexual, em 99%. Essa recente tecnologia disponível no SUS se mostrou importante meio para a contenção da epidemia do vírus. Nesse sentido, é importante compreender o perfil epidemiológico do usuário a fim de se criarem estratégias para ampliação da cobertura dessa política pública para grupos populacionais negligenciados.
ObjetivoAnalisar o perfil dos usuários da PrEP no Brasil entre 2018 e 2023.
MétodoEstudo quantitativo-descritivo que utilizou dados do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DATHI). Teve como objetivo analisar e descrever o perfil desses usuários a partir de dados como escolaridade, orientação sexual/identidade de gênero, idade e raça.
ResultadosNo período estudado, houve aumento de 1.160,96% do número de dispensações, com 277.008 em 2023, mas o perfil do usuário se manteve estável. Em relação à escolaridade, o grupo com mais de 12 anos de estudo representa, desde 2018, a grande parcela dos usuários, com discreta redução de 76,82% em 2018 para 71,73% em 2023. Quanto à orientação sexual/identidade de gênero, o grupo de homens cisgênero que fazem sexo com homens esteve no topo durante o período, variando entre 82% em 2023 e 85,6% em 2021; o grupo de mulheres cisgênero manteve-se na segunda posição de 2018 (8,1%) a 2022 (5,7%), sendo ultrapassado pelo recorte de homens heterossexuais cisgênero em 2023, que representou 6,5% contra 5,8% de mulheres cisgênero. A faixa etária mais representativa é de 30 a 39 anos, 42,1% em 2023. Houve redistribuição do impacto de cada faixa etária, com diminuição percentual dos usuários de 30 anos ou mais e aumento percentual daqueles abaixo de 30 anos. Os recortes raciais mantiveram-se estáveis no período, com a raça branca/amarela representando 55,54% dos usuários em 2023.
ConclusãoEmbora a PrEP tenha se disseminado no período, o perfil do usuário majoritário pouco mudou, representado por pessoas brancas/amarelas, mais escolarizadas, na faixa etária de 30 a 39 anos e de homens cisgênero que fazem sexo com homens. Assim, a menor adesão entre pessoas de menor instrução, mais jovens, que não sejam homens cisgênero que fazem sexo com homens e das raças parda, preta e indígena representa um problema de acesso à estratégia, já que essa política pública deve contemplar outros perfis sociais, sobretudo os mais marginalizados e os que tradicionalmente não são público-alvo desse método.