14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoAs infecções pós-cirúrgicas da pele e partes moles causadas por micobactérias não tuberculosas são incomuns, indolentes, difíceis de tratar e simulam infecções bacterianas. As micobactérias de crescimento rápido após cirurgias reconstrutivas e próteses de mama geralmente se manifestam dentro do primeiro mês após o procedimento. Sobre paciente feminina de 64 anos, que realizou tratamento de câncer de mama em 2023 que foi submetida a mastectomia radical bilateral e que recebeu implantes mamários em 28/10/23. Em 13/11/23 apresentou hiperemia e eliminação de secreção por óstio fistuloso da incisão cirúrgica de mama esquerda; após falha de tratamento com cefalexina, foi realizada punção aspirativa para cultura e houve crescimento de M. abscessus sensível a amicacina, tigeciclina, cefoxitina, imipenem e resistente a macrolídeos e quinolonas. A prótese foi retirada e terapia parenteral foi iniciada com amicacina e tigeciclina, porém na primeira semana de tratamento a paciente apresentou efeitos colaterais gastrintestinais importantes que levaram à suspensão de tigeciclina. Foi então mantida amicacina e associada imipenem/cilastatina. Cerca de 30 dias após início do imipenem/cilastatina, aos exames de controle, foi identificada neutropenia importante (312). Na ocasião, estava sem queixas. Afastadas causas infecciosas de leucopenia e pelo fato de a cilastatina poder causar esse tipo de efeito adverso, mesmo que incomum (≥ 1/1.000 a < 1/100), a droga foi suspensa por 7 dias e houve normalização da contagem de neutrófilos; associada então Cefoxitina à amicacina, que foi bem tolerada.
ObjetivoRelatar um caso de infecção de sítio cirúrgico por Mycobacterium abscessus, resistente a antimicrobianos orais, cuja paciente apresentou intolerância a dois antimicrobianos parenterais no primeiro mês de terapia, destacando os desafios do manejo desse tipo de infecção.
MétodoDescrição de caso clínico.
ResultadosHouve fechamento do orifício fistuloso, a paciente encontra-se assintomática e segue em acompanhamento ambulatorial.
ConclusãoEmbora a incidência global de infecção por M. abscessus após mamoplastia seja baixa, ela continua sendo uma etiologia importante e muitas vezes esquecida. A alta suspeição diagnóstica é necessária para insistir no isolamento bacteriano e instituição da terapêutica guiada. Observa-se ainda a dificuldade de manter um tratamento de médio e longo prazo devido aos possíveis efeitos colaterais graves associados às drogas.