14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoTuberculose ocular (TO) é uma forma rara de tuberculose extrapulmonar (TE), tem apresentação clínica variável, apresenta poucos dados na literatura e o diagnóstico é realizado de forma presumida. Neste estudo levantamos dados de casos do Programa de Controle de Tuberculose (TB) de São Bernardo do Campo, SP.
ObjetivoAnálise do perfil epidemiológico dos casos de TO de um serviço de referência terciária para TB.
MétodoForam analisados retrospectivamente casos diagnosticados e tratados no período de 01/01/2018 a 31/12/2023, através da plataforma TBWEB e prontuário. O diagnóstico de TO foi realizado segundo 3 critérios, dois obrigatórios para o início do tratamento: a) apresentação clínica oftalmológica, b) teste tuberculínico maior de 10mm (ou IGRA reagente); e o terceiro critério avaliado após 6 meses: c) resposta terapêutica. Os dados foram comparados com dados de literatura publicada.
ResultadosAvaliou-se 35 casos de TO, correspondendo a 2,1% do total os casos de TB (1652) e 11,1% dos casos de TE (314), dados de literatura relatam 2% de TO em relação à frequência de TE. A faixa etária adulta entre 18 e 60 anos abrangeu 97,1%(34) dos casos. Quanto ao sexo 71,4%(25) femininos e 28,6%(10) masculinos. A forma clínica predominante 31,4%(11) foi uveíte unilateral, 20%(7) uveíte bilateral, 17,1%(6) esclerite unilateral e 8,6%(3) coriorretinites, outras apresentações somaram 22,9%(8) dos casos. Dos sintomas: 49%(17) relataram perda parcial da visão, 23%(8) turvação visual, 23%(8) hiperemia e 11%(4) dor ocular. Quanto à exposição 62,8%(22) eram não expostos para TB, 28,6%(10) eram contato de TB confirmado, 8,6%(3) trataram TB pulmonar. Das comorbidades:14,3%(5) diabetes. Diagnóstico diferencial: 48%(17) excluíram outras doenças infecciosas (HIV, CMV, sífilis e toxoplasmose) e 17,1%(6) excluíram doenças reumatológicas. O tratamento em 100%(35) dos casos foi: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol, via oral; variando entre: 6 meses 40%(14) dos casos, 7 meses 8,6%(3), 9 meses 25,7%(9) e 12 meses 17,1%(6). Desfecho: 40%(14) apresentaram recuperação total, 28,6%(10) apresentaram melhora parcial dos sintomas, 20%(7) não melhoraram, 2,9%(1) mudaram o diagnóstico, 2,9%(1) perderam segmento por transferência, 5,7%(2) não houve registro no prontuário.
ConclusãoTO apresentou frequência 5,5 vezes maior em relação aos dados de literatura, talvez por ser um serviço de referência regional. A resolutividade (total + parcial) de 68,6%(24) sugere a necessidade de investimentos em diagnóstico diferencial.