14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoInfecções por microrganismos produtores de ESBL mostra-se uma problemática crescente nos pacientes pediátricos, representando uma parte significativa das infecções comunitárias. Embora carbapenêmicos (CPM) sejam frequentemente a terapia escolhida, o uso inadequado tem levado ao aumento de infecções por Enterobacterales resistentes a CPM. Isso reflete uma urgência por alternativas terapêuticas para aliviar a pressão seletiva a esta classe de antibiótico. Dentre as possibilidades, a estratégia carbapenem-sparing surge com o objetivo de poupar CPM do uso excessivo. No entanto, esta abordagem é recente e escassa, mais focada em unidade crítica (UC) e faixas etárias heterogêneas.
ObjetivoO objetivo deste estudo foi implementar a estratégia carbapenem-sparing em um programa de stewardship de antimicrobianos, tendo como enfoque pacientes de unidades não críticas (UNC) de um hospital pediátrico.
MétodoDesenvolveu-se um fluxo de análise do uso de CPM composto de três etapas: (1) análise do consumo institucional de CPM, (2) perfil epidemiológico de consumo de CPM em UNC e (3) avaliação farmacoterapêutica do uso de CPM. O estudo teve aprovação do comitê de ética (CAAE: 68382723.9.0000.5580) e o período de análise foi de janeiro a dezembro de 2022.
ResultadosA avaliação da curva ABC institucional de 2022 trouxe meropenem como o antimicrobiano mais consumido e o terceiro maior em custos. No período, houveram 540 tratamentos prescritos com CPM, sendo 55% em UC e 45% em UNC, dos quais 115 tratamentos prescritos em UNC foram analisados. Em relação ao perfil infeccioso, o uso de CPM tinha como principais focos trato urinário (44,7%) e pulmonar (15,7%), em infecções por Enterobacterales produtores de ESBL (64%), tendo Escherichia coli como patógeno mais prevalente. A maioria eram infecções do tipo comunitária (55,7%) e estudos já apontam esse deslocamento de infecções por ESBL para a comunidade, acompanhando o uso crescente de CPM nas UNC. Dos CPM prescritos, apesar de 53% serem guiados por antibiograma, 56% não estavam apropriados. As intervenções ocorreram em 84% dos casos, sendo a maioria descalonamentos (54%) e solicitadas nas primeiras 72 horas (77,8%), com uma aceitabilidade de 84%. Das complicações em 30 dias, houve reinfecção em 25,2%, necessidade de UTI 7,8% e óbito em 3,5%.
ConclusãoOs resultados demonstram o impacto positivo que um serviço com ASP implementado e estratégia carbapenem-sparing pode ter sobre o uso de CPM, promovendo a sustentabilidade das terapias e dos serviços em saúde.