A implementação da Profilaxia Pré-exposição (PrEP) no Brasil em 2017 foi um avanço na prevenção do HIV, reduzindo novos casos. Contudo, houve um aumento significativo de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como a sífilis adquirida, provavelmente devido à menor percepção do risco de contrair ISTs e à baixa adesão ao uso de preservativos.

Descrever o perfil epidemiológico da infecção pelo HIV e da sífilis adquirida no Brasil no período pré e pós disponibilização da PrEP.

Estudo epidemiológico descritivo, com abordagem quantitativa, baseado em dados dos Boletins Epidemiológicos de Aids, do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)/DATASUS e do painel de monitoramento da PrEP do Ministério da Saúde. Foram coletadas variáveis sobre o número de casos de infecção por HIV e sífilis adquirida por faixa etária e sexo nos períodos de 2012-2017 e 2018-2023, além do número de pessoas que receberam PrEP por faixa etária e sexo entre 2018 e 2023.

Entre 2012 e 2017 (pré PrEP), o Brasil registrou 248.822 casos de infecção pelo HIV, sendo a faixa etária de 20 a 39 anos a mais afetada, com 137.761 casos (55,37%), dos quais 96.226 (69,85%) eram do sexo masculino. Entre 2018 e 2023 (pós PrEP), houve 195.809 casos, uma redução de aproximadamente 21,31%. A faixa etária mais afetada continuou a mesma, com 106.946 casos (54,62%), e o sexo masculino predominante (75,94%). Em relação à sífilis, os dados são semelhantes aos do HIV quanto à faixa etária e sexo afetados, porém houve um aumento no número de casos após a introdução da PrEP. No período pré PrEP, haviam 393.624 casos de sífilis no Brasil, a faixa etária de 20 a 39 anos com 217.950 casos (55,37%), e 62,47% dos infectados do sexo masculino. Após a PrEP, o número de casos aumentou para 949.739, a faixa etária de 20 a 39 anos com 565.469 casos (59,54%), e 64,98% dos infectados do sexo masculino, um aumento de aproximadamente 241%. Em 2018, o número de usuários de PrEP era de 6.726, e em 2023 era de 77.408, evidenciando um aumento de 1.150,88%, sendo a faixa etária de 20 a 39 anos com mais 65,1% dos usuários e o sexo masculino com cerca de 88,7%.

É crucial implementar políticas de prevenção e cuidado para usuários da PrEP, especialmente no sexo masculino de 20 a 39 anos, onde se observa um aumento nos casos de sífilis adquirida, indicando maior exposição. Estratégias de educação e acesso a serviços específicos são essenciais para mitigar a sífilis e manter a eficácia das medidas de prevenção do HIV.