14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA esporotricose é uma micose subcutânea, causada pelo fungo Sporothrix spp e que apresenta como principais formas a cutânea, linfocutânea, extracutânea e disseminada. Transmitida pela inoculação do fungo em ferimentos já existentes e tratada com antifúngicos como itraconazol e anfotericina B. O HIV modifica a progressão da esporotricose, sendo sua manifestação influenciada pela condição imunológica do indivíduo. O HIV provoca um declínio progressivo do sistema imunológico e infecta, principalmente, os linfócitos T CD4+ (LT), macrófagos e células dendríticas (PINTO NETO, 2020). Quando o LT-CD4 cai, o corpo perde imunidade e torna-se vulnerável à infecções.
ObjetivoDemonstrar a falha terapêutica do uso de Itraconazol em paciente imunodeprimido com diagnóstico de esporotricose.
MétodoTrata-se de um relato de caso clínico de paciente do Complexo de Doenças Infecto Contagiosas Clementino Fraga, João Pessoa – PB.
ResultadosSexo feminino, 45 anos, HIV em tratamento regular, sem mais comorbidades. Admitida com diagnóstico de esporotricose cutânea, linfonodos ulcerados, sinais flogísticos e drenagem espontânea de secreção purulenta. Uso de Itraconazol 100mg VO 12/12h 2 meses, sem melhora, com surgimento de novas lesões, linfagite, febre, dor e edema, levando-a à internação. Iniciado Ampicilina Sulbactam 3g EV 6/6h 7 dias, evoluiu com desaparecimento de sintomas de infecção secundária. Mantido Itraconazol 100mg VO 12/12h, considerando falha terapêutica pela infecção secundária, evoluiu sem melhora. Após 15 dias, iniciado Anfotericina B 50 mg 24/24h. Com 5 dias de uso, expressiva regressão da linfagite e melhora de lesões. Alta após 20 dias, sendo orientado retorno em 10 dias, observando-se regressão da linfagite e reepitelização das lesões, demostrando efetividade da dose terapêutica de Anfotericina e falha ao Itraconazol.
ConclusãoO tratamento em pacientes imunossuprimidos tende a ser prolongado e o Itraconazol ainda é primeira linha de escolha. Pacientes com HIV parecem ter pior prognóstico, necessitando de doses elevadas de medicamentos e hospitalização. Para as formas graves, a anfotericina B é o fármaco de escolha, sem desconsiderar o itraconazol (CRUZ, 2020). A co-infecção pelo HIV altera a gravidade dos pacientes com esporotricose, dependendo do estado imunitário e grau de imunossupressão (Queiroz-Telles, 2019). Assim, HIV positivos demonstram necessidade de acompanhamento pelo declínio imunológico, elevando o potencial de agravo do quadro, não respondendo de forma satisfatória ao Itraconazol.