14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA micobactéria não tuberculosa, Mycobacterium marinum, é típica de ambientes aquáticos e sua infecção, embora rara em humanos, afeta principalmente pele e mucosas, com evolução crônica. O diagnóstico e tratamento são desafiadores devido a achados clínicos inespecíficos e diretrizes não padronizadas. A história clínica está resumida em traumatismo local com posterior contaminação. Este caso relata infecção cutânea por M. marinum em paciente idosa, imunossuprimida e com evolução lenta, destacando a relevância de um diagnóstico e tratamento adequado e individualizado.
ObjetivoO presente trabalho visa descrever uma infecção por M. marinum, de uma idosa e imunossuprimida, com o propósito de destacar a importância da detecção precoce por meio de métodos diagnósticos que direcionam para a identificação e tratamento específico.
MétodoTrata-se de relato de caso baseado na análise do prontuário médico e histopatologia da paciente.
ResultadosPaciente feminina, 67 anos, imunossuprimida - portadora de artrite reumatoide em uso de Umira. Referiu lesão em dorso da mão direita após hidroginástica em ambiente salino. Evoluiu com formação de pápulas e exsudação, com posterior progressão eritematosa, edema e linfangite nodular ascendente. Em biópsia, o anatomopatológico resultou em processo granulomatoso supurativo, granulomas mal formados, sem células gigantes tipo Langhans e positivo para micobactérias atípicas. O tratamento empírico inicial não teve sucesso, mas uma nova coleta da secreção, realizada com técnica FITE, apresentou resultado negativo para Mycobacterium tuberculosis. O tratamento com Claritromicina, Etambutol e Rifampicina durou 6 meses, pela extensão da lesão, com boa resposta.
ConclusãoO M. marinum, de nicho aquático é incomum. A lesão se desenvolve após trauma ou contato com o ambiente aquático e seu padrão inicia-se com nódulos eritematosos no local da inoculação, com superfície rugosa, podendo evoluir para uma placa, ulceração, ou seguir o trajeto linfático, semelhante a esporotricose, como o evidenciado. O diagnóstico é confirmado por PCR e o tratamento depende da extensão da lesão e da imunidade do paciente. Estudos indicam associação entre Etambutol e um Macrolídeo, geralmente, claritromicina, durando até dois meses após o fim dos sintomas. Sobre às lesões, ressecção não é recomendada a princípio. Este caso destaca a importância da investigação detalhada em pacientes com lesões cutâneas incomuns para um manejo adequado e desfecho favorável.