14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA tuberculose pulmonar (TP) é a 2ª enfermidade infectocontagiosa mais incidente no Brasil. O impacto na gestão de saúde decorrente da Covid-19 acarretou regresso significativo no controle da TP no país, o que pode ser verificado pela tendência de crescimento na incidência de TP desde 2021. Compreender de que maneira o período pandêmico afetou a incidência de TP nos sexos masculino e feminino é de suma importância para o planejamento de políticas de saúde específicas para cada população.
ObjetivoAvaliar o perfil nacional de incidência da TP frente às variáveis “masculino” e “feminino” durante o período de 2014-2023. MÉTODO: Trata-se de um estudo ecológico dos casos confirmados de TP no Brasil entre 2014-2023. Os dados são oriundos do SINAN, disponibilizados no DATASUS, tabulados em Excel. A variável analisada foi o gênero (masculino/feminino). Por se tratar de dados secundários de livre acesso, é dispensada a apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa.
ResultadosA incidência nacional de TP no período de 2014-2020 (período pré-pandêmico até o início da pandemia) manteve uma média de 61.045 novos casos por ano na população masculina, ao passo que a incidência anual média na população feminina foi de 27.107 novos casos. Com esses dados, estimou-se que a relação entre os sexos dentre os casos confirmados da doença foi de 2,25 homens com TP para cada mulher com TP. Quando se observou o período de 2021-2023 (auge e transição para fim da pandemia), observou-se aumento na incidência de TP nas duas populações. Os homens mantiveram média de 71.634 novos casos/ano (aumento de 17,3%), ao passo que as mulheres sustentaram média de 30.079 novos casos/ano (aumento de 10,9%). A relação adoecimento/sexo foi de 2,38 homens com TP para cada mulher com TP.
ConclusãoDentre os casos confirmados de TP, foi constatado que a população masculina manteve-se com maior número de casos/ano tanto em 2014-2020 quanto em 2021-2023. Ambos os sexos testemunharam aumento na incidência anual de TP no período de auge e transição pós-pandêmica da Covid-19, com aumento de 5,78% (2,38 ÷ 2,25) dos casos de TP confirmados em homens com relação aos casos de TP confirmados em mulheres. É possível teorizar que o período de quarentena intradomiciliar possa ter sido um fator associado ao aumento de casos em ambos os sexos, sendo necessários mais estudos para avaliar relevância estatística do aumento na relação de TP no sexo masculino frente ao feminino durante a Covid-19.