14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA tuberculose pulmonar (TP) é um dos agravos mais incidentes no Brasil. O impacto na gestão de saúde decorrente da Covid-19 acarretou regresso significativo no controle da TP no país, o que pode ser verificado pela tendência de crescimento de TP desde 2021. Diante disso, conhecer o perfil de incidência desse agravo em cada uma das regiões da nação é de suma importância para o planejamento de políticas de saúde específicas para cada uma delas.
ObjetivoAvaliar o perfil nacional de incidência da TP em cada uma das cinco regiões do país durante o período de 2014-2023.
MétodoTrata-se de um estudo ecológico dos casos confirmados de TP nas cinco regiões do Brasil entre 2014-2023. Os dados são oriundos do SINAN, disponibilizados no DATASUS, tabulados em Excel. Foram avaliadas as cinco regiões brasileiras para traçar o perfil epidemiológico. Por se tratar de dados secundários de livre acesso, é dispensada a apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa.
ResultadosA incidência nacional de TP permaneceu relativamente estável no período de 2014-2021, com 44,6 ± 2,7 novos casos por 100 mil habitantes. A incidência aumentou para 51,2/100 mil em 2022 e 53,8/100 mil em 2023 (aumentos de 14,8% e 20,6%, respectivamente). O número de novos casos diagnosticados por ano aumentou em todas as regiões brasileiras desde 2021. O aumento foi mais evidente na região Norte, que saiu de uma média anual de novos casos de 58,8/100 mil em 2014-2021 para 76,1/100 mil em 2022 e 80,3/100 mil em 2023 (aumentos de 29,4% e 36,5%, respectivamente). O menor aumento de incidência ocorreu no Sul, que saiu de uma média anual de 37/100 mil novos casos para 41/100 mil em 2022 e 43,6/100 mil em 2023 (aumentos de 10,8% e 17,8%, respectivamente). Nas demais regiões, o aumento de incidência em 2022-2023 com relação a 2014-2021 foi de +24,3% no Centro-Oeste, +17,6% no Sudeste e +17% no Nordeste.
ConclusãoApesar de todas as regiões terem verificado aumentos na incidência local de casos de TP, nossa pesquisa evidenciou que esses impactos foram distribuídos de modo discrepante pelo território brasileiro. Enquanto Sul, Nordeste e Sudeste mantiveram-se relativamente próximos no que tange à ascensão da incidência, as regiões Norte e Centro-Oeste sofreram com aumentos substancialmente maiores que a média nacional. São necessários mais estudos para compreender as demandas individuais de cada localidade para, assim, planejar as melhores estratégias de modo a frear o avanço da TP no país.