Data: 19/10/2018 ‐ Sala: TV 6 ‐ Horário: 10:30‐10:35 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: A coinfecção T. cruzi/HIV representa um grande problema de saúde pública, uma vez que a ocorrência de reativação da doença de Chagas (DC) nesses pacientes resulta em formas clínicas graves (meningoencefalite e/ou danos cardíacos), sendo considerada doença definidora de AIDS. Na literatura, a prevalência da coinfecção pode variar de 1,3% a 7,1%. Apesar de ser recomendado desde 2008, o rastreio sorológico para DC em pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA) continua bastante insuficiente, mesmo em áreas endêmicas.
Objetivo: Avaliar a frequência da infecção por T. cruzi em uma coorte de PVHA no Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER), São Paulo, Brasil, além de descrever características demográficas, contagem de linfócitos T CD4+ e carga viral dessa população.
Metodologia: Estudo descritivo transversal, realizado com pacientes atendidos no IIER com diagnóstico de infecção pelo HIV. Entre abril de 2015 e março de 2016, foram avaliados 240 indivíduos, cujas amostras de soro foram submetidas a ELISA com extrato alcalino de epimastigotas (EAE) da cepa Y (diluição 1:600) e TESA-blot. Os testes foram realizados no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (IMT-USP). A coinfecção T. cruzi/HIV foi definida quando houve pelo menos dois testes diagnósticos positivos para DC. A análise dos resultados foi feita a partir do Microsoft Excel 2013® e Prism™ versão 5.0 (Graphpad Software, Inc. 1999).
Resultado: Na população avaliada (n = 240), houve predomínio do sexo masculino (71,6%), com mediana de idade de 45,5 anos. O uso regular de TARV foi referido por 87,9% dos pacientes, sendo que 213 (88,8%) apresentavam CD4+ ≥ 200 células/mm3, com mediana de 547,5 células/mm3. Em relação à carga viral, 81,3% tinham viremia indetectável (< 40 cópias/mL). Após a identificação de 05 amostras positivas pelo ELISA, foi realizado TESA-blot para confirmação diagnóstica, que demonstrou resultado positivo nas amostras de dois pacientes avaliados, encontrando-se uma frequência de 0,83% (2/240).
Discussão/conclusão: Observa-se uma amostra, em sua maioria, de indivíduos com bom controle da infecção pelo HIV, o que resulta em menor imunossupressão, favorecendo o desempenho de testes sorológicos. Apesar do caráter endêmico da DC no país, seu rastreio em PVHA ainda é negligenciado. De acordo com as recomendações atuais, baseadas na positividade de dois testes diagnósticos, encontramos uma frequência de 0,83% (2/240) da coinfecção T. cruzi/HIV no presente estudo, abaixo da média relatada na literatura.