14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA leishmaniose visceral (LV) emergiu no Estado de São Paulo ao final da década de 1990 e sofreu expansão territorial desde então. As medidas de controle aplicadas (eutanásia de cães infectados, controle de vetores, uso de repelentes), pouco embasadas pela evidência científica, tiveram resultados incertos. Nesse contexto, é relevante analisar mudanças de tendências de incidência e mortalidade por LV.
ObjetivoIdentificar mudanças nas taxas de incidência e mortalidade por LV no Estado de São Paulo no período de 1999 a 2022.
MétodoDados de incidência e mortalidade por LV foram obtivos em base de domínio público (www.cve.saude.sp.gov.br). Estes foram tabulados em periodicidade anual e submetidos a análise de Joinpoint Regression com transformação logarítimica no software Joinpoint 5.1 (National Institute of Cancer, Calverton, MD, USA). Essa análise tem como objetivo identificar alterações de tendências temporais ("joinpoints").
ResultadosA incidência e a mortalidade cumulativas no período foram de 8,1 e 0,8 por 100.000 habitantes. Em análise de Joinpoint, observou-se tendência de crescimento exponencial da incidência entre 1999 e 2006 (anual percent change [apc] = +22,4, p < 0,001), com redução posterior (apc = -7,96, p < 0,001). A mordalidade também apresentou um único "joinpoint" em 2004, alterando o crescimento (apc = +56,61, p = 0,02) para redução (apc = -4,25, p < 0,001). A letalidade manteve-se estável em torno de 10%.
ConclusãoDiversas políticas públicas envolvendo controle de reservatório canino e vetores, além de educação da população, foram aplicadas em conjunto de forma desordenada ao longo das últimas décadas. Há uma modificação benéfica das tendências de incidência e mortalidade após 2004/2006, mas é difícil vinculá-la às medidas de controle aplicadas.