14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA raiva é uma doença viral aguda grave que acomete mamíferos, inclusive o ser humano, e manifesta-se como encefalite progressiva, cuja letalidade é próxima de 100%. É causada pela inoculação do vírus, presente nas secreções do animal transmissor infectado, principalmente por mordedura, lambedura e/ou arranhadura. Na perspectiva da saúde pública a raiva é um agravo de interesse pela possibilidade de eliminação no seu ciclo urbano (transmitido por cão ou gato), por meio da vacinação humana e animal, bem como pelo adequado manejo dos casos de pré, pós e reexposição de risco ao vírus.
ObjetivoVerificar a conformidade de atendimentos antirrábicos humanos, em um município do estado de São Paulo, com o protocolo de profilaxia da raiva humana no Brasil, atualizado em março de 2022.
MétodoTrata-se de um estudo descritivo, transversal, de cunho qualitativo, apoiado na análise de dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) de um município no interior do estado de São Paulo, com os atendimentos antirrábicos humanos notificados no período de 01/04/2022 a 31/03/2024, isto é, realizados após atualização do protocolo brasileiro. Como padrão de adequação para análise foi considerada a Nota Técnica N° 8/2022-CGZV/DEIDT/SVS/MS, publicada em 10/03/2022.
ResultadosNo período de análise foram notificados 1222 atendimentos, com predominância de pessoas do sexo feminino (55%), raça/cor branca (68%) e faixa etária entre 25 a 59 anos (47%). Em relação aos tipos de atendimento, foram 93 de pré-exposição, 1011 de pós-exposição e 11 de reexposição. As espécies mais prevalentes de animal agressor foram cão (75%), gato (18%) e morcego (3%). Das 739 exposições com cão ou gato passíveis de observação, houve adequação da profilaxia indicada em 646 (87%) atendimentos. Já dentre as 225 exposições com cão ou gato impassíveis de observação, houve adequação em 176 (78%) atendimentos. E, por fim, das 48 exposições com mamíferos silvestres (morcego, primata, raposa), houve adequação em 39 (81%) atendimentos. Foi constatada incompletude de campos essenciais nas fichas de investigação, como 8% (83/1047) das notificações sem descrição sobre a possibilidade de observação do cão ou gato e 9% (107/1222) das fichas sem descrição do tipo de atendimento realizado.
ConclusãoDe modo geral, considerando os cenários de atendimentos analisados, houve adequação da profilaxia indicada em 85% (861/1012) dos casos. Incompletudes no preenchimento da notificação podem comprometer a análise de adequação ao protocolo.