14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoO tétano acidental é uma doença infecciosa aguda prevenível que está associada à elevada morbi-mortalidade.
ObjetivoDescrever as dificuldades enfrentadas no manejo de um paciente com tétano acidental em um hospital de pequeno porte do interior de Minas Gerais.
MétodoRelato de caso. Esse relato foi feito através da revisão de prontuário eletrônico, após assinatura do TCLE.
ResultadosPaciente masculino, 63 anos, natural e procedente de Itajubá-MG, deu entrada em pronto atendimento com história de perfuração em região plantar do pé direito por prego enferrujado há 5 dias. Na admissão, apresentou-se com trismo e nucalgia. Referia nunca ter sido vacinado. Apesar de sinais vitais estáveis foi admitido na UTI, pelo diagnóstico de tétano acidental. Após 4 horas da admissão apresentou crises espasmódicas generalizadas, evoluindo com paralisia diafragmática e parada cardiorrespiratória em assistolia por hipóxia. Após RCP e o retorno à circulação espontânea foi submetido à intubação endotraqueal, recebendo sedoanalgesia com Propofol e Fentanil. A avaliação neurológica demonstrou hipertonia e abalos musculares generalizados, a tomografia de crânio não apresentava alterações. Após 12 horas da admissão, foi administrado soro antitetânico: 20.000 UI EV, vacina antitetânica e metronidazol EV. Decorridas 36 horas após admissão na UTI, foi realizada traqueostomia e desbridamento da ferida com drenagem de abscesso do pé direito. Evoluiu com sintomas de disautonomia, caracterizado por labilidade pressórica e após 15 dias da admissão, começou a apresentar melhora dos espasmos musculares em uso de Diazepam, Midazolam, Fentanil e Rocurônio. Durante a internação, o paciente evoluiu com lesão renal aguda e necessidade de hemodiálise. Além disso, o paciente apresentou diversas Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), como pneumonia associada à ventilação mecânica por Acinetobacter baumannii resistente a carbapenêmico e infecção de corrente sanguínea. Após 60 dias de internação na UTI, paciente evoluiu para óbito como consequência de choque séptico refratário. Esse foi o segundo caso de tétano acidental notificado em Itajubá no último ano.
ConclusãoApesar de ser uma doença prevenível, devido à baixa cobertura vacinal, novos casos de tétano acidental têm sido notificados na cidade de Itajubá. A escassez de recursos e a falta de capacitação da equipe de saúde dificulta o manejo dessa condição nas áreas mais remotas do país.