XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA disciplina Sexualidade e Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), de duração semestral, é ofertada desde 2015 no curso de Medicina de uma universidade na Bahia – escola médica pioneira no Estado a garantir espaço de diálogo sobre a temática. Objetiva-se relatar a experiência do componente curricular “Sexualidade e IST”, o qual, por meio de discussões e aulas expositivas dialogadas, garante uma formação médica com domínio técnico-científico, pautada no manejo integral, acolhimento, prevenção, diagnóstico e tratamento das IST. Além de sensibilizar os estudantes às dimensões biopsicossociais dos usuários. A experiência possibilita aos graduandos compreenderem a sexualidade de forma integral, influenciada por fatores biológicos, históricos e culturais, de modo que o seu exercício pode estar acrescido de risco às IST quando sob efeito do desconhecimento, preconceitos e discriminações relacionadas ao sexo, identidade de gênero e orientação sexual, por vezes, com sobreposição de vulnerabilidades. Nesse sentido, os acadêmicos são estimulados a compreenderem que os juízos de valor não devem sobrepor a qualidade técnica e o respeito na assistência a ser prestada. São discutidos aspectos éticos relacionados às IST como, por exemplo, o sigilo médico. Sendo perceptível nos atendimentos supervisionados, a concretização dos conhecimentos discutidos em sala, que se materializam por meio de orientações adequadas à população assistida e da oferta oportuna de testagem para HIV, HTLV, sífilis e hepatites virais. Ao longo dos estágios, os discentes conseguem identificar fatores e/ou comportamentos acrescidos de risco, estando capacitados a gerenciá-los com oferta de preservativos, gel lubrificante, PEP ou PrEP. Além disso, mantêm-se atentos à convocação e tratamento das parcerias sexuais, quando necessário, bem como à importância da notificação compulsória das infecções. No final da disciplina, os discentes possuem conhecimento suficiente para diagnóstico e tratamento de IST mais prevalentes, bem como sobre as estratégias da prevenção combinada, seja uso pessoal e/ou orientação à população. Os resultados evidenciam a relevância da inclusão desses conteúdos na formação de profissionais médicos para o controle desses agravos, promoção da saúde sexual, assim como o manejo adequado da pessoa com HIV e outras IST. Por fim, tornar-se factível a ampliação dessa iniciativa em outros cursos de saúde e instituições de ensino superior do país.