O Brasil é o segundo país com maior número de casos de hanseníase no mundo, gerando grande carga na saúde pública e impacto na vida das pessoas acometidas pelas deformidades e incapacidades irreversíveis. Em 2020, Mato Grosso foi o estado com maior número de casos notificados no país.
ObjetivoAvaliar o monitoramento da hanseníase e qualidade dos serviços no estado notificados em 2019-2020.
MétodosOs dados dos casos novos foram extraídos do Data Warehouse Web da Secretaria de Estado de Saúde. Os indicadores foram selecionados com base na Estratégia Nacional para Enfrentamento da Hanseníase 2019-2022, abrangendo os âmbitos acompanhamento, tratamento, complicações, abandono e cura/pós-alta. O Manual 2019 para Tabulação da Unidade Técnica do SINAN foi seguido para os cálculos. Das 5.617 notificações extraídas em 2019 e 3.420 em 2020, 1.857 (33%) e 330 (9,6%) foram mantidas para análise após exclusão dos valores ausentes, ignorados e erro de diagnóstico.
ResultadosA capacidade dos serviços em realizar a vigilância dos contatos e identificação precoce/oportuna ficaram abaixo do recomendado, passando de precária em 2019 para regular em 2020. A qualidade do acompanhamento para a efetividade e conclusão do tratamento passou de precária em 2019 para regular em 2020. O risco de desenvolver complicações foi alto nos dois anos avaliados.
ConclusãoDiante do cenário identificado, o enfrentamento e monitoramento do progresso da eliminação da hanseníase enquanto problema de saúde pública para reduzir a carga da doença exige: (i) ações para diagnóstico na fase inicial da doença para quebrar a cadeia de transmissão e evitar sequelas do diagnóstico tardio e da falta de acompanhamento; (ii) avaliações das ações e planejamento para acompanhamento e orientação dos doentes já em tratamento para prevenção de deficiências (temporárias) e incapacidades (permanentes); (iii) assegurar início imediato da medicação, estruturação do sistema referência-contrarreferência e reabastecimento da poliquimioterapia para tratamento.