12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: Endocardite por Corynebacterium diphtheriae é uma entidade rara, com primeiro caso relatado na literatura em 1893. O agente infeccioso é causador de Difteria (crupe), prevenível por vacinação. O acometimento de endocardite por Corynebacterium diphtheriae mostra‐se como agressivo, com alta virulência e grande potencial de destruição de valvas nativas e prostéticas.
Objetivo: Descrever um caso de Endocardite Infecciosa por Corynebacterium diphtheriae.
Metodologia: Paciente, sexo masculino, 21 anos, sem comorbidades prévias, com história de febre há 7 dias e dispneia há 2 dias, admitido no pronto‐socorro com insuficiência respiratória e necessidade de intubação endotraqueal. A suspeita inicial de Covid‐19 foi descartada por método molecular e tomografia de tórax de padrão não característico. Foi isolado em hemocultura aeróbia Corynebacterium diphtheriae. O Ecocardiograma transtorácico evidenciou vegetações mitral, sendo a maior medindo aproximadamente 0,95cm x 1,02cm, com posterior troca valvar mitral por prótese biológica. Identificadas múltiplas embolizações a distância para pulmão, baço, rim esquerdo e membro inferior esquerdo (MIE) em tomografias. Esplenectomia realizada por infarto e abscesso esplênico. Embolectomia em MIE com reperfusão dos pulsos poplíteo, tibial anterior e posterior. Paciente apresentava vacinação prévia (2 doses) para difteria confirmada em carteira vacinal. Após o início do tratamento com ampicilina endovenosa por 6 semanas, evoluiu com melhora clínica e negativação de hemoculturas uma semana após início da antibioticoterapia.
Discussão/Conclusão: Corynebacterium diphtheriae é um bacilo gram positivo de alta virulência, que causa comumente doença respiratória. A disseminação da toxina diftérica pode causar miocardite nos quadros graves. Entretanto, o caso apresentado é uma endocardite infecciosa, causada por agente não habitual. A endocardite apresenta potencial de morbi‐mortalidade, inclusive após abordagem cirúrgica valvar de urgência. O diagnóstico desta condição clínica obedece aos critérios de Duke. Não há consenso na literatura para terapia combinada ou monoterapia com antibióticos na endocardite por Corynebacterium diphtheriae. Por fim, deve‐se ressaltar a importância da investigação de focos de embolização séptica diante deste diagnóstico infeccioso.