XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoEsse estudo tem como objetivo mensurar o impacto da profilaxia antibiótica combinada nas taxas de Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC) de pacientes submetidos à Redução Aberta de Fratura (RAF) e avaliar o impacto dessa medida no perfil de resistência antimicrobiana dos pacientes com diagnóstico de Infecção Relacionadas a Fraturas (IRF).
MétodosEstudo de coorte retrospectivo, unicêntrico, realizado em um hospital universitário, utilizando banco de dados do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) de pacientes submetidos a RAF no período de janeiro a dezembro de 2022. Foram excluídos da análise pacientes com fratura exposta e menores de 18 anos. IRF foi definido de acordo com os critérios de ISC do Centers for Disease Control and Prevention. Paciente de elevado risco para ISC foi definido como índice de comorbidades de Charlson maior ou igual a cinco. Os pacientes foram seguidos por três meses do pós-operatório. De janeiro a março de 2022 foi utilizado cefalotina como profilaxia cirúrgica (grupo pré-intervenção) e de abril a dezembro o grupo intervenção utilizou cefuroxima + gentamicina para os pacientes de risco elevado ou cefuroxima em monoterapia para os demais.
ResultadosNo total, 1.901 pacientes foram incluídos no estudo, 864 pré-intervenção e 1.037 no grupo intervenção. As taxas de ISC do grupo pré vs. intervenção foram 6,9% (72) e 2,8% (24), respectivamente (RR=0,4; 95% IC 0,22‒0,58; p=0,000). No ano de 2022, os microrganismos mais frequentemente identificados na FRI foram S. aureus (28%), S. coagulase negativo (14%), Klebsiella aerogenes (13%) e Pseudomonas aeruginosa (9%). A profilaxia antibiótica estendida aplicada para pacientes com elevado risco de ISC não alterou a epidemiologia microbiana da IRF, enquanto não aumentou as taxas de microrganismos Multirresistentes (MDR) (p=0,784). Paralelamente, houve aumento na sensibilidade à oxacilina para Gram-positivos (pré-40% vs. 67%) e aumento na sensibilidade aos carbapenêmicos aos Gram-negativos (pré-82% e pós-100%).
ConclusãoA profilaxia antibiótica estendida aplicada para um grupo selecionado de pacientes com maior risco de desenvolverem IRF não elevou as taxas de ISC por microrganismos multirresistentes, porém, contribuiu para redução significativa das taxas de ISC. Estratégias individualizadas de prevenção de ISC e mais estudos multicêntricos, especialmente para infecções associadas a biofilme são necessárias.