A terapia antirretroviral combinada (TARVc) é fundamental no controle da AIDS, evita novas infecções e traz importante melhoria na qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV (PVHIV). No Brasil, o Dolutegravir (DTG) foi incorporado ao esquema inicial preferencial em 2017 e mostrou-se eficaz e seguro em diversos cenários. O objetivo desse estudo foi analisar a eficácia do DTG como primeiro esquema de tratamento em 2017, no Centro especializado em assistência, ensino e pesquisa em Salvador/BA.
MétodoTrata-se de um estudo de coorte que analisou os prontuários de PVHIV, acompanhadas no CEDAP. Foram incluídos os maiores de 18 anos, que iniciaram a TARV em 2017, avaliados até 31/12/2020. A resposta terapêutica foi avaliada pela carga viral (CV), considerando-se “sucesso virológico” os exames pós TARVc com CV < 1000 cp/ml. A adesão foi avaliada por meio da contagem anual das retiradas de ARV, sendo definida “boa adesão” as retiradas superiores a 80%. Os dados foram analisados no SPSS (versão 20.0), através de estatística descritiva e inferencial. Foram considerados estatisticamente significantes os valores de p < 0,05. Este estudo é parte do projeto “ECOAH”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da SESAB.
ResultadosForam incluídas 196 PVHIV, com média de idade foi 33,1 anos (±10,6), predominío do sexo masculino (60,7%), solteiros (71,4%) e autodeclarados negros e pardos (90,6%). Do total, 140 (71,4%) iniciaram a TARVc com Tenofovir, Lamivudina e Dolutegravir. O tempo médio para início da terapia foi de 27,5 dias (±43,2). Em média, o exame de controle e avaliação da resposta ao tratamento foi realizado em 27 semanas (±12,0). Para 60% esse tempo foi de até 24 semanas. A taxa de CV > 1000 cp/ml foi 14,8% em esquemas contendo DTG, versus 18,9% em esquemas sem DTG (p > 0,05). A resposta virológica foi pior entre indivíduos com CD4 < 200 cél/mm3 (p < 0,05; RR = 3,1) e com diagnóstico de tuberculose (p < 0,05; RR = 2,0). Não houve diferença nas taxas de adesão entre os sexos ou relativo à TARVc. No entanto, observou-se que o uso de esquema sem DTG aumentou 4 vezes o risco de troca de TARVc (10,7% esquemas com DTG versus 55,4% esquemas sem DTG; p < 0,01; RR = 4,0).
ConclusãoO estudo revela que o uso DTG no início do tratamento melhora as taxas de supressão viral e de adesão à TARVc. O DTG demonstrou ser uma droga mais tolerável e garantiu redução da necessidade de trocas do esquema terapêutico.