A DVa-VFa é a disfunção aguda de múltiplos órgãos, passível de ocorrer após a vacinação. Essa patologia é causada pela da replicação e disseminação descontrolada do VFa, que pode levar a um quadro grave com falência de vários órgãos e alta letalidade.

Homem de 32 anos de idade, compareceu a Pronto Socorro (PS) público em Brasília – DF em 17/04/2022 relatando cefaleia, febre alta e astenia iniciados no dia anterior. Recebeu diagnóstico clínico de dengue e foi medicado para tratamento dos sintomas, evoluindo com melhora clínica e liberado para casa. Em 22/04 o paciente retornou ao PS com queixa de calafrios, prostração, dispneia aos pequenos esforços, tosse seca e dor epigástrica. Exames laboratoriais mostraram: Hb 14, leucócitos 5.560, plaquetas 12 mil, Na 125, creatinina 2.8, ureia 108, TGO 10.328, TGP 3.181, bilirrubina total 5.9, bilirrubina D 4.8, INR 1 e NS1 para dengue positivo. Na radiografia de tórax foi identificado derrame pleural moderado à esquerda. Devido à insuficiência renal e disfunção hepática agudas, foi internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Na UTI apresentou inicialmente sangramento conjuntival e piora do quadro hepático e renal, com posterior melhora progressiva sem necessidade de intervenções invasivas. Houve melhora clínica progressiva e após estabilização foi encaminhado a leito de enfermaria, onde permanece internado e estável, mas apresentando piora do derrame pleural. Anamnese detalhada revelou que o paciente vacinou contra febre amarela, hepatite B, DT, tríplice viral e influenza em 12/05/2022 (confirmado em cartão vacinal). Sorologias de leptospirose, mononucleose, hepatites virais, HIV, zika e chikungunya negativas. Sorologias de dengue positivas. PCR em sangue para VFa vacinal positivo.

Apesar de infrequentes, as vacinas de vírus vivos têm potencial de complicações devido à replicação do vírus vacinal. No caso descrito, observou-se indivíduo com dengue hemorrágica que evoluiu com agravamento clínico atípico, o que levantou a suspeita de coinfecção. A DVa - VFa é uma patologia rara e que causa graves complicações, caracterizados por choque, hemorragia e insuficiências renal, hepática e respiratória agudas. Esses pacientes podem evoluir com comprometimento neurológico que pode levar a desfechos letais. Atualmente não existe uma terapia específica para este quadro, indicando-se a terapia de suporte com prioridade para prevenção e tratamento do choque. com prioridade para prevenção e tratamento do choque.