A vacinação é uma ferramenta essencial para o controle da infecção por SARS-CoV-2 e da pandemia de COVID-19. O surgimento de novas variantes genéticas do vírus SARS-CoV-2 nos trouxe a questão se há diferencial capacidade neutralizante dos anticorpos quanto às variantes de preocupação (VOCs).
ObjetivoNosso estudo se dirigiu a avaliar a capacidade neutralizante dos anticorpos de indivíduos imunizados com a vacina CoronaVac e dose de reforço com Pfizer contra as variantes Gama, Delta e Omicron.
MétodoAmostras de soro foram obtidas de 41 profissionais da saúde da Faculdade de Medicina da USP, sem infecção prévia por SARS-CoV-2 no esquema vacinal CoronaVac (2 doses) seguido de dose booster com vacina Pfizer. Os níveis de anticorpos neutralizantes para as variantes Gama, Delta e Omicron foram avaliados 32 e 186 dias após a segunda dose da vacina. Também avaliamos a atividade neutralizante dos anticorpos contra a variante Omicron em 39 dos indivíduos após 62 dias de imunização de reforço, com a vacina Pfizer. Os títulos de anticorpos foram obtidos pelo Teste de Neutralização Viral (VNT) e observação de efeito citopático.
ResultadosA neutralização por anticorpos contra as variantes Gama, Delta e Omicron foi de 78%, 65.9% e 58.5% respectivamente, após uma média de 32 dias após a segunda dose por CoronaVac. Houve uma diminuição na frequência de anticorpos neutralizantes para 17.1%, 24.4% e 2.4% contra as variantes Gama, Delta e Omicron, respectivamente, após, em média 186 dias das duas doses da vacina CoronaVac. A dose booster com a vacina Pfizer foi capaz de induzir a produção de anticorpos neutralizantes contra a variante Omicron em 87.2% dos indivíduos avaliados.
ConclusãoOs indivíduos vacinados com CoronaVac apresentaram uma queda nítida de anticorpos neutralizantes contra as 3 variantes de SARS-CoV-2 analisadas após 186 dias da imunização por 2 doses. A dose de reforço com Pfizer induziu a produção de anticorpos neutralizantes contra a variante Omicron na maior parte dos indivíduos avaliados (87.2%), 60 dias após imunização. Não houve diferença significativa na frequência de anticorpos neutralizantes entre as variantes analisadas.