Em 2020, o mundo foi impactado pela pandemia da COVID-19 que constituiu uma emergência de saúde pública internacional associada a mais de 6,2 milhões de óbitos. A COVID-19 apresenta diversas complicações e causas de desfecho fatal envolvendo patologias de caráter infeccioso, respiratório, cardíaco, renal e vascular. Conhecimentos sobre a mortalidade são essenciais para construção de dados epidemiológicos demográficos e servem para elaboração de gestão de políticas e ações em saúde. A declaração de óbito (DO) é o documento oficial utilizado para coleta de informações sobre mortalidade. Poucos trabalhos brasileiros avaliaram a DO de pacientes infectados por SARS-CoV-2 e, até o conhecimento atual, esse é o único estudo que buscou, através da DO, estratificar as causas terminais e antecedentes do desfecho fatal.
ObjetivoDescrever a frequência das principais causas terminais e causas antecedentes de óbitos em pacientes com COVID-19.
MétodoTrata-se de um estudo observacional descritivo que avaliou DO de pacientes com COVID-19 internados no Instituto Couto Maia (ICOM), hospital de infectologia, no período de abril a dezembro de 2020. Apenas pacientes com diagnóstico laboratorial de COVID-19 por RT-PCR foram incluídos. O instrumento de coleta foi ficha clínica, preenchida com base na DO. Os dados foram armazenados no Excel e analisados no SPSS. As variáveis categóricas foram descritas em frequência simples e proporção. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do ICOM.
ResultadosA amostra foi constituída de 404 óbitos, a maioria do sexo masculino (55.0%), com média de idade de 65,2 ± (16,8) e predominantemente pardos (59.7%). As causas terminais mais frequentes incluíram: 47.8% insuficiência respiratória e 18.6% choque séptico/sepse. As antecedentes foram 23.8% pneumonia, 21.8% insuficiência respiratória aguda, 9.9% injúria renal aguda, 9.2% choque séptico/sepse, 7.2% infecção respiratória aguda, 4.2% fenômenos cardíacos e 0.7% fenômenos tromboembólicos.
ConclusãoAs doenças relacionadas aos distúrbios respiratórios e infecciosos foram as mais prevalentes na DO. A rápida necessidade de adaptação do hospital, como a formação de novas equipes e readequação estrutural para ampliação de leitos de terapia intensiva, podem ter gerado subnotificação de algumas patologias, tais como os fenômenos tromboembólicos. O viés de informação durante o preenchimento da DO é uma importante limitação.