XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoem 2021 pela 1ª vez a Organização Mundial de Saúde (OMS) dedica um capítulo para cuidados paliativos (CP) em pessoas vivendo com HIV e aids (PVHA) em seu Guia. A unidade de internação (UI) do Centro de Referência e Treinamento em DST/AIDS de São Paulo (CRT DST/AIDS) consta com 20 leitos e possui uma equipe de CP desde 08/2021, composta por 3 infectologistas (uma com formação em CP), psiquiatra, assistente social, nutricionista, fisioterapeuta, enfermeiras e psicóloga.
Objetivodescrever o perfil de pacientes internados em um centro de referência para tratamento de PVHA e acompanhados pela equipe de CP.
Métodosestudo retrospectivo realizado por análise de prontuários de pacientes admitidos na UI do CRT DST/AIDS e em CP. Os pacientes foram seguidos pela equipe da internação, junto com a equipe de CP. Analisados variáveis sociodemográficas, laboratoriais (CD4 e carga viral), causa da internação, motivo de encaminhamento à equipe de CP, tempo de internação hospitalar e desfechos clínicos.
Resultadosentre 10/2021 e 05/2023, 9 pacientes foram encaminhados para avaliação e seguimento da equipe de CP, sendo 7 (77%) masculinos, média de idade 50 anos, tempo médio de infecção pelo HIV de 14 anos. Na admissão 25% eram pessoas vivendo em instituições de longa permanência, 50% viviam com suas famílias, e 25% estavam em situação de rua. Sete pacientes (75%) tinham histórico prévio ou atual de interrupções de tratamento, por dificuldade de adesão e 25% foram diagnosticados tardiamente. A média de LTCD4+ na admissão foi de 211 cels/mm3. Quatro (54%) dos participantes tinham CV indetectável. As principais causas de internação foram síndromes neurológicas (75%) como neurotuberculose, neurocriptococose e leucoencefalopatia multifocal progressiva, e encaminhados para CP por apresentaram declínio funcional progressivo ou refratariedade ao tratamento, sem proposta curativa. A média de Karnofsky e Palliative Performance Scale (PPS) foi de 30 e 20 respectivamente. O tempo médio de internação foi de 104 dias, 2 pacientes tiveram alta e mantém seguimento ambulatorial pela equipe, e 03 (33%) evoluíram para óbito sem distanásia.
ConclusãoPVHA com dificuldade de adesão à terapia antirretroviral, pacientes com doença avançada, quadros demenciais, e neurológicos graves se beneficiam de abordagem multidisciplinar de uma equipe de CP visando conforto, controle de sintomas e orientações ao paciente e familiar sobre cuidados e propostas diante da doença crônica