Ag. Financiadora: CNPQ
N°. Processo: 444646/2014‐0
Data: 18/10/2018 ‐ Sala: 3 ‐ Horário: 15:50‐16:00 ‐ Forma de Apresentação: Apresentação oral
Introdução: Os recém‐nascidos prematuros são mais vulneráveis à colonização por microrganismos multirresistentes (MOMR) devido à imaturidade dos sistemas imunológico, gastrointestinal e às barreiras da pele. Ainda estão expostos aos fatores extrínsecos da assistência à saúde, tais como os procedimentos invasivos, uso de antimicrobianos de amplo espectro e o contato com os profissionais de saúde. Entretanto, sabe‐se que a colonização por MOMR em neonatos é frequente, porém existe uma lacuna de conhecimento referente ao tempo de descolonização por microrganismo multirresistentes na população neonatal
Objetivo: Analisar o processo de descolonização de microrganismos multirresistentes de neonatos no contexto domiciliar.
Metodologia: Estudo de caso, prospectivo, feito com neonatos internados na Unidade Neonatal de um hospital universitário, de janeiro de 2014 a fevereiro de 2018. No momento da alta, foram feitas coletas de cultura de vigilância. Prosseguiu‐se com seguimento ambulatorial e domiciliar a partir das culturas positivas para MOMR até apresentarem dois exames negativos sucessivos, no qual os neonatos foram considerados descolonizados.
Resultado: No período do estudo, 437 bebês participaram da pesquisa. Desses, houve predomínio do sexo masculino (53,3%), que nasceram de parto cesárea (74,1%), com baixo peso ao nascer (76,4%) e idade gestacional entre 31 a 34 semanas (43,7%). No momento da alta hospitalar 27,0% (118) neonatos apresentaram cultura de vigilância positiva para MOMR e tempo mediano de internação de 21 dias. Dos bebês colonizados na alta, 89,0% (105) usaram antibióticos no momento da internação e 60,9% (266) foram submetidos a procedimentos invasivos, o cateter venoso central foi o procedimento mais frequente (50,5%). Quanto aos MOMR mais prevalentes na cultura de alta, 32,1% (45) foram Klebsiella spp ESBL, seguido de 28,6% (40) Serratia spp ESBL, 12,1% (17) Enterobacter spp ESBL, Escherichia coli 11,4% (16) e Staphylococcus aureus resistente a oxacilina 7,15 (10). Dos 53,3% (63) bebês seguidos prospectivamente no domicílio e no ambulatório, 53 (82,1%) foram descolonizados com mediana de 90 dias após a alta, com tempo máximo para descolonização de 330 dias e o mínimo 30 dias.
Discussão/conclusão: O estudo mostrou que os neonatos são amplamente expostos a terapia microbiana, assim como a procedimentos invasivos, que contribuem para colonização por MOMR. E o tempo de descolonização da maioria dos neonatos foi de até três meses.