Data: 18/10/2018 ‐ Sala: TV 10 ‐ Horário: 14:12‐14:17 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: A infecção pelo Cryptococcus spp. comumente acomete o sistema nervoso central, pulmão e há quadros disseminados com acometimento cutâneo em cerca 10 a 20% dos casos. O acometimento primário da pele é uma manifestação rara da doença.
Objetivo: Descrever caso de criptococose cutânea primária, sua investigação diagnóstica e terapêutica.
Metodologia: Paciente de 74 anos, masculino, natural e procedente da zona rural de Pedreira, aposentado, ex‐pecuarista, portador de adenocarcinoma de trato gastroesofágico (fez QT e RT em 10/2017), com surgimento de múltiplas lesões nódulo‐tumorais, de crescimento progressivo havia dois meses, acometeu a face extensora do antebraço direito, com ulceração proximal após trauma local. Na cidade de origem recebeu tratamento por 21 dias (usou oxacilina, vancomina e prednisona) sem melhoria e evoluiu com saída de secreção sanguinolenta e odor fétido. Foi encaminhado para o ambulatório de referência em infectologia. Na investigação foi feita biópsia da lesão, que demonstrou, pela análise histopatológica, Cryptococcus spp. E, pela cultura, espécie C. gatti. A partir desse diagnóstico, foi feito rastreio de outros possíveis focos de infecção, com TC de tórax e SNC, análise de líquor (LCR), cultura em sangue, no LCR e pesquisa de antígeno de criptococo. Os exames de imagem não demonstraram alteração sugestiva de doença, LCR com celularidade e bioquímica normais, pesquisa e cultura de fungo negativas e pesquisa de antígeno de criptococo no sangue – aglutinação positiva (1/32). A princípio com a suspeita de criptococose disseminada optou‐se por tratamento com anfotericina B complexo lipídico por 10 dias. Após evidência de infecção primária cutânea, optou‐se por tratamento via oral com fluconazol 400mg/dia e seguimento ambulatorial.
Discussão/conclusão: A infecção pelo Cryptococcus spp. guarda uma relação direta com estado imunológico: em imunocompetentes, há ocorrência de infecção do SNC com altas taxas de mortalidade; em imunocomprometidos, ocorre tanto acometimento isolado do SNC quanto de doença disseminada (rins, pulmão, pele e outro), o envolvimento cutâneo é relativamente raro. Há descrição na literatura de casos criptococose cutânea primária, em sua maioria associados à história de trauma local, com possível inoculação do fungo. A relevância deste caso se dá pela ocorrência criptococose cutânea primária em um paciente imunossuprimido e pela resposta terapêutica eficaz com uso de anfotericina B por curto período, seguida de uso fluconazol.