Infecções associadas à assistência à saúde ocorrem com frequência em pacientes com COVID-19 e são importantes fontes de mortalidade.
ObjetivoAvaliar o impacto da pandemia e uma possível mudança do perfil de resistência e consumo de antimicrobianos comparando o início da pandemia (período de abril a julho de 2020) com o avanço (período de Março a Junho de 2021) em um Hospital de Grande Porte de São Paulo.
MétodoO estudo incluiu pacientes COVID-19 positivos (> 18 anos) associados com IRAS, hospitalizados entre abril a julho de 2020 e Março a Junho de 2021 em uma Unidade de Terapia Intensiva de 32 leitos. Pelo menos uma etiologia bacteriana positiva foi adquirida de amostras microbiológicas (secreção traqueal, sangue ou urina). Os isolados foram identificados através do sistema BD PhoenixTM M50 e os testes de suscetibilidade antimicrobiana foram realizados conforme descrito no CLSI 2019.
ResultadosDurante o período de abril a julho de 2020, foram identificados 16 pacientes com Covid-19 e Infecção Bacteriana associada, 13 (81,2%) apresentaram Infecção Primária de Corrente Sanguínea e 11 (68,8%) tiveram como fator de risco o Cateter Venoso Central. Com o avanço da pandemia, no período de março a junho de 2021, foram identificados 65 pacientes, 14 (21,5%) apresentaram Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica e 22 (33,8%) ao dispositivo Tubo Orotraqueal. Os microrganismos mais frequentes em ambos os períodos foram Klebsiella pneumoniae e Staphylococcus aureus. Porém, no segundo período identificados também Acinetobacter baumannii, 88% apresentando padrão de resistência XDR, e Pseudomonas aeruginosa, 57% MDR e 28% XDR. Avaliado também o consumo de antimicrobianos através do DDD (dose definida diária), comparando os períodos estudados houve diminuição do DDD de Ceftriaxona e Piperacilina/Tazobactam e aumento do DDD de Polimixina B, Levofloxacina e Amicacina.
ConclusãoNo decorrer da pandemia mudanças no consumo de antimicrobianos, resistência e etiologia microbiana foram notadas. O padrão de resistência no segundo período foi XDR, especialmente para K. pneumoniae e A. baumanni, enquanto para P. aeruginosa o prevalente foi MDR. Apesar da mudança etiológica, o uso racional dos antimicrobianos se manteve, uma vez que houve aumento do DDD apenas dos antimicrobianos utilizados no tratamento específico das resistências detectadas e diminuição dos demais.